sexta-feira, 22 de maio de 2015

Capítulo 3

Ela não deu conta da minha presença mas assim que fechei a porta e sem querer ela bateu, Maria Clara estremeceu e limpou rapidamente o rosto me olhando em  seguida. A sua reação ao me ver foi de quem tomou um susto, provavelmente não esperando que fosse eu. 


- O que você está fazendo aqui? - grunhiu com mágoa na voz , me fuzilando com o olhar.
- Eu vim saber como você está, fiquei preocupado com você de manhã. - tentei me aproximar mas ela se levantou e se afastou. 
- Não se preocupa, não preciso da sua preocupação. 
- Então porque estava chorando?
- Não é da sua conta, cuida da sua vida. - esbracejou e se virou de costas olhando para cima tentando provavelmente segurar as lágrimas.
- Ás vezes é bom desabafar. 
- Se eu quiser falar com alguém pode ter certeza que você será a última pessoa que eu vou procurar. 
- Sério, eu juro que não entendo esse seu jeito de me tratar assim. 
- Cê quer entender? - se virou ferozmente e dei um passo atrás assustado com a sua reação. - Eu vou te falar. Você já tem tudo que quer, é reconhecido por aquilo que ama fazer, é valorizado pelos profissionais da música, toda a gente te respeita e sabe o valor que você tem. Você não precisa de batalhar mais. E pensa que isso te dá o direito de ser assim...
- Assim como? - a interrompi não percebendo onde ela queria chegar. 
- Metido desse jeito, que acha que pode ter tudo que quer, se enxerga garoto, o mundo não gira à sua volta.
- Realmente não estou te entendendo.
- Você é um mimado. - me xingou e lágrimas de raiva desceram pelo seu rosto - Conseguiu as coisas porque teve sempre sorte.
- Quem disse? Eu me esforcei bastante para estar onde estou. - me defendi e ela me olhou incrédula - Não olha pra mim assim. Se hoje eu sou quem sou e quem sempre quis ser se deve à minha fé e à minha luta diária, não a sorte, porque nunca ninguém me ajudou o bastante para isso, antes pelo contrário, teve mais gente me fudendo do que me ajudando e me valorizando. Mas quer saber, isso não é da sua conta. - vi seu olhar descer para o chão e lágrimas caindo sem cessar. 
- Eu só queria... - fez uma pausa se virando de novo de costas pra mim - Não interessa o que eu queria, pois acho que não quero mais. - falou com frustração na voz e me intrigou ainda mais - Sai daqui Luan Santana. 
- Apenas me conta porque você reagiu daquela forma hoje de manhã, o Paulo me disse que você ficou stressada e saiu correndo. - ela deu uma risada irónica, o que me provou que algo de estranho aconteceu.
 - Stress né? A sua sorte é ser homem e, ao longo da luta pelo seu sonho que você tanto falou, não precisou se humilhar, já eu, mulher, toda a gente acha que pode abusar e me espezinhar. 
- O que você quer dizer com isso? - ela bufou e já sabia o que ela diria - Já sei, não é da minha conta. 
- Sai. - grunhiu firme.
- Seu irmão me disse que você é perfeita dançando. Posso te ver? - pedi num último momento de a fazer me contar o que rolou.
- Você tem muita cara de pau. - Se virou sarcástica - Se eu dançava, deixei de o fazer a partir do momento em que... - ela ia falar demais e quando se deu conta parou.
- Continua. - falei meigo me aproximando um pouco mais dela. Mas ela se derramou num choro incessante tampando a cara com as mãos. - Hey, não fica assim. - toquei seu ombro e ela se afastou.
- Acabaram com meu sonho quando me disseram que eu só conseguiria ser alguém na vida se aceitasse oferecer meu corpo. - falou com nojo na voz e semicerrei os olhos preocupado com aquela situação.
- Quem quis abusar de você? - me aproximei ficando na sua frente e desta vez ela não se afastou - Foi o Paulo?
- Isso interessa? Eu não o fiz e nunca o faria. 
- Não acredito nisso. - me enervei. - Eu vou dar cabo daquele canalha. 
- Pra quê isso, você não é meu pai, nem meu irmão. Nem meu pai se preocupa tanto assim, aliás, ele que tinha razão, quando sempre me disse que eu seguindo a dança não seria nada. 
- Não fala assim, você não pode abandonar um sonho desse jeito. Eu vou arrumar uma forma de acabar com o Paulo, cê vai ver. Porque não deve ser a primeira vez que ele faz isso mas nem todas tem a coragem que você teve de sair de lá. Agora, por favor, dança pra mim um pouco? - implorei e ela me olhava com aqueles olhinhos castanhos pequenos e tão meigos mas tão cheios de vida e personalidade. 


A vi pensar e se dirigir minutos depois ao aparelho de som escolhendo uma música. Apagou algumas luzes deixando apenas uma no meio acesa enquanto todo o resto da sala estava escura. Me afastei e ela se posicionou no centro debaixo da luz começando a dançar docemente com passos certeiros e elegantes. Cheguei a quase me emocionar de verdade com tamanha beleza. Era de uma graciosidade única e sem duvidas que quem a descobrisse e a lançasse para a ribalta poderia se gabar de ter encontrado a jóia mais rara da dança clássica. Dança clássica? Porque não me toquei antes? Era ela, tinha de ser ela. E tinha de ser eu a ajudá-la. Não precisava de mais catálogos, eu tinha encontrado a pessoa ideal para o meu clipe, mesmo ela me respondendo sempre com patadas eu tinha criado uma empatia com ela, não sei porquê, mas tinha. E estava mais que disposto a ser o anjo que ela procurava para a fazer acreditar no seu sonho. Ela parou de dançar e me olhou um pouco envergonhada. Cada dia essa mulher me mostrava uma faceta diferente, ora irritadinha, ora arrogante, ora tímida, meiga e calma. Um misto que a tornava igual o mar, calmo e sereno e ao mesmo tempestuoso e agitado. Bati palmas e ela desligou o som acendendo novamente as luzes. 


- Eu estou sem palavras para você. - confessei.
- Não preciso dos seus elogios. - lá estava ela de novo. 
- Claro que não, você sabe bem aquilo que vale e sabe também que pode chegar onde quiser. Mas eu gostava de te fazer uma proposta.
- Não quero saber o que você tem pra me propor. Não quero nada de você aliás. Você é apenas amigo do meu irmão e nada mais. Agora me deixa sozinha por favor. - me pedia séria.
- Aceita ser a personagem principal do meu novo clipe? Preciso de uma bailarina. - fiz a proposta do mesmo jeito.


Clara se calou e me olhava tentando me decifrar. E eu não desviava o meu olhar do dela, queria estar atento a todas as suas reações. 


- Não, eu não quero. Não preciso da sua pena. 
- Pena? 
- Sim pena, eu te contei tudo isso para que você me deixasse em paz, não para que quisesse se armar em madre Teresa e me oferecesse ajuda. 
- Quem disse que tive pena e que foi por isso que te propus?
- Não precisa dizer, eu vejo em seus olhos. - cruzou os braços arrogante e bufei não acreditando nisso. 
- Você me conhece muito mal. Já viu o quanto me julgou desde que aqui cheguei? Acha que eu sou mesmo isso que você diz que sou? Te aconselho a me conhecer melhor. - falei irritado
- Dispenso te conhecer, agora me dá licença.
- Me promete que vai ao menos pensar na minha proposta?


Ela me olhou calada e quando ia falar algum coisa a porta se abriu mostrando Hugo, que sorriu para a irmã assim que a viu.


- Cara pensei que você se tinha perdido. - riu. 
- Quase, mas me encontrei. - fuzilei Maria Clara que arrumava uns cd's na mesa da aparelhagem. 
- Larica. - a chamou pelo apelido, provavelmente. - Cê já deu seu contato ao Luan para a Bruna? - fiquei tenso com isso, pois não tinha nem tocado nesse assunto que na verdade foi uma desculpa esfarrapada. Ao perceber do caso ela assentiu.
- Me dá então o papel que você disse que ia escrever por favor. - pedi trincando o lábio, o que eu queria mesmo era o contato dela de qualquer maneira.


O seu olhar quase me matou e reticente fez o que pedi me dando em seguida. Toquei em seu dedo e a vi arrepiar se afastando.


- Vamos pro estúdio Luanzera, acho que terminei uma música que você vai amar. 
- Quero só ver isso. - saimos e antes de fechar a porta lhe dei um pequeno sorriso deixando um "Pensa no que te falei" mudo no ar. 




E aí gente, a Clarinha não recebeu muito bem o Luan e acabou por revelar o que aconteceu mais cedo. E essa proposta do Guri, será que ela vai aceitar? Minhas leitoras adivinharam hein? kkkkkk Safadinhas! E o fato do Luan ficar com o celular dela? Acham que ele vai ligar pra ela? kkkkkk Comentem amores! Este fim de semana não terá capítulo. Mas se houver eu aviso vocês *-* Beijos enormes !!!

10 comentários:

  1. Eta que surpresa minha linda *_*
    Bataram dois dias fora de casa, para quando chego me deparo com uma coisa maravilhosa: a opurtunidade de voltar a ler as tuas palavras, os teus textos, a tua fic *_* Está tão linda, meu xu, estou a amar de verdade!
    Agora sobre a Fic, eu espero mesmo que o Luanzim ligue e lute contra esta teimosia da clarinha eim?? Ain vai ser tão fofo *_*
    Em pulgas!!!!
    Beijinho meu xu! <3

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    1. Obrigado meu amor, espero ter essas tuas palavras lindas ao longo desta nova história *.*
      Beijocas Manu <3

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  2. Ela tem que aceitar e a chance dela de ser reconhecida eu já imaginava que o homem da agência queria que ela se entregasse a ele sempre tem disso na realidade e você colocou na fanfic esta de parabéns, amando continua❤❤

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    1. Eu tento colocar sempre a realidade em tudo que escrevo, claro que muitas vezes é impossível mas a gente tenta kkkk ainda bem que gostou Paloma :) Obrigado lindona <3

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  3. Sabia que esse cara não era flor que se cheiro u.u Tadinha. Mas agora ela escontrou um príncipe maravilhoso pra fazer a vida dela ir pra frente *-* Espero que ela aceite a propostaaaa. Continua amg <3

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    1. Né? Nada como um príncipe, mas este é bem safado. Será que ela vai aceitar assim de boa? kkkkk Vai dar treta amiga ! <3

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  4. Espero que ela aceite o convite do luan,e parã de marra com ele e vê que ele não é do jeito que ela pensa!

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    1. Vamos ver se ela aceita kkkkk porque essa implicância tem de acabar né kkkk

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  5. Tomara que ela pare com esse orgulho e aceite logo a proposta, né?

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