Capítulo 20

-Bom dia. - ele disse e sorri fraco me sentando de costas para ele.
-Bom dia.
-Tá tudo bem? - se sentou na cama e me virei lentamente para ele.
-Eu acho que sim, mas precisámos conversar.
-Eu sei. Você se lembra da noite passada?
-Algumas partes.
-Também não me lembro de tudo não, apenas do Casino, da balada e depois aqui.
-Eu só lembro disso também, mas não tudo, da balada só lembro da parte em que saímos.
-Você se arrepende de alguma coisa? - perguntou cuidadoso e encarei o chão.
-Não. Eu tinha de passar por isso para saber o que sentia, o porquê de tanta atração, era necessário eu descobrir isso.
-Te entendo. E agora como vamos ficar?


O encarei séria, eu estava super confusa, ao mesmo tempo que queria ficar com ele outras vezes também queria acabar tudo por ali. Não iria aceitar nem suportar vê-lo com outras enquanto também ficava comigo, mesmo não tendo nada, eu não consigo suportar isso. Ia responder quando bateram na porta e Luan foi abrir.


-Oh Testa. - Luan disse.
-Boi daqui a duas horas almoçamos para sair, arruma as suas malas e se arruma também para não atrasar.
-Pode deixar.
-Cê sabe se a Clara saiu? Eu bati no quarto dela mas ninguém abriu. - prestei atenção ao que Luan iria falar mas quem falou foi Rober novamente. - Ah, entendi. - riu fraco. - Vou indo então, nada de atrasos.


Catei minhas roupas pelo chão e não encontrei minhas peças íntimas, também depois de Luan ter rasgado minha calcinha seria impossível usá-la. Luan voltou para o quarto e se aproximou.


-Eu vou me arrumar. - lhe disse tentando me afastar.
-E quando vamos conversar?
-Eu ainda passo por aqui a tempo de termos essa conversa. - ia me dirigir ao banheiro para trocar de roupa quando ele me segurou pelo braço e me fez o olhar.
-Não precisa se trocar, pode ficar com a blusa.
-Te devolvo depois.
-Não precisa, é sua. - assenti e me dirigi para a porta mas o senti vir atrás de mim e me juntar a ele me beijando.


Terminámos com selinhos e ele sorriu de canto, abrindo a porta para que eu saísse. No meu quarto arrumei a mala e fui tomar um banho para refrescar as ideias. O que eu nutro por ele não é apenas atração e agora tenho certeza disso, mas ele não parece sentir o mesmo. E além do mais, eu não queria sentir isso, me assustava. A blusa dele repousava em cima da cama e a peguei sentindo o seu cheiro, eu iria devolver mas resolvi guardá-la na minha mala. Me arrumei apenas com uma calça jeans, uma blusa simples e um ténis e saí com a mala para o quarto dele. Ele abriu assim que bati e me deu espaço.


-Você já arrumou tudo? - perguntei o vendo apenas de toalha e com pingos de água caindo em seu peitoral.
-Está mais ou menos, vou terminar de me arrumar e já termino aí. - assenti e ele voltou a entrar no banheiro.


Fui pegando em algumas roupas que ele tinha espalhado por ali e quando as arrumei em sua mala pude ver meu soutien e minha calcinha ali junto das suas coisas. Neguei rindo e assim que arrumei tudo ele saiu do banheiro de cueca. Se vestiu e embora tivesse tempo de arrumar o cabelo ele preferiu colocar um boné.


-Você já arrumou o que estava por aqui? - perguntou admirado e assenti.
-Estava entediada te esperando.
-Não demorei tanto assim. - se fingiu de indignado - Mas você não tirou...- correu para a mala e respirou de alívio vendo as minhas peças ali me fazendo rir negando - Vamos nos sentar ali, pedi para que trouxessem algo pra gente comer.  - realmente em cima da mesa tinha alguns alimentos leves e nos sentamos para conversar e nos alimentar.
-Eu não sei quanto a você… - comecei por falar e ele parou me olhando - Mas eu quero continuar sendo sua amiga, mas nada mais. - ele semicerrou os olhos e me olhou pensativo.
-Vamos ser sinceros um com o outro?
-Já não estamos sendo?
-Não é isso, vamos dizer um para o outro aquilo que na verdade sentimos, sem omitir partes, sem nada. Precisamos ser verdadeiros.
-Concordo. - bebi um pouco de suco. - Começa você. - o incentivei e ele riu fraco.


Antes de falar qualquer coisa que fosse ele comeu um pouco e só depois me olhou começando a falar.


-A primeira vez que a gente se viu, quer dizer, a primeira vez que a gente se esbarrou. - rimos - Eu fiquei curioso pra saber quem você era. Aquela menina tão arrogante me enfrentando, nunca ninguém tinha falado daquele jeito comigo. E eu confesso que isso me atraiu bastante, te disse que gostava de desafios. - sorri de canto lembrando - Além do mais você era do tipo de garota que eu ficaria fácil. - o  olhei não entendendo - Você é gostosinha, cara de menina, com tudo no lugar e se não fosse tão petulante eu teria metido conversa com você. - revirei os olhos com a descrição dele.
-Mas?
-Mas, o melhor de tudo isso, foi que você me olhava e falava comigo como se eu fosse apenas eu e não o Luan Santana, você me tratou como uma pessoa vulgar e eu vi que você não era igual às demais, que baixam a guarda assim que veem quem eu sou. Quando você chegou com o Hugo eu fiquei feito um idiota te olhando e me senti um idiota por pensar aquelas coisas de você. - riu fraco - Na verdade eu pensei que estivesse mais calma e fosse abrir uma brecha pra mim, mas você me atacou novamente e eu fiquei ainda mais envolvido, querendo saber porque você era assim. Fui te conhecendo e me encantando ainda mais, eu precisava te sentir, precisava te pegar, mesmo que depois tudo não passasse disso.
-Mas o que você sente? - fui direta ao ponto e ele suspirou fundo.
-Eu não sei. De início era só atração e eu tinha certeza disso, mas depois quando você foi se abrindo para mim eu fui me interessando por você. Agora, depois desta noite eu vejo que você é especial para mim.
-Especial a que ponto?
-Ao ponto de ter largado três ficantes para cuidar e conversar com você. - não sabia disso, mas gostei do que ouvi.
-Porque você fez isso? - perguntei com a voz baixa.
-Porque eu me importo, eu me importei com o seu estado quando ficou bebinha, me preocupei com o que você iria achar quando me viu com aquela menina no quarto, me importei com você sendo quase abusada por aquele cara na balada. Eu me importo com você. - me confessou - E eu posso dizer que gosto de ficar com você, gosto de te desafiar e ser desafiado, gosto de te irritar e de ser provocado. Gosto do que você é, porque eu sei que há uma menina frágil e com segredos por detrás de todo esse cubo de gelo. - sorri de canto, ele já me conhecia o suficiente. - E você o que sente? - ele mudou para uma cadeira ao lado da minha e fiquei nervosa com essa proximidade.
-Começando também do início como você. Eu sempre te vi como uma pessoa normal, quando você ia lá em casa eu te ouvia cantando com o meu irmão, mas nunca fui lá, apenas quando ia no quarto dele pegar alguma coisa. Naquele dia que nos esbarramos eu queria te bater, eu estava irritada, apesar de estar atrasada para me encontrar com a Beatriz e o Felipe, eu estava deprimida porque passei a noite pensando na minha vida. Aí você apareceu e bagunçou tudo, me propondo algo que eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Você veio se insinuando e eu sei o homem galinha que você é, e sinceramente eu quero distância desse tipo. - ele desviou o seu olhar para a mesa - Me custa confiar nos homens, para mim são todos iguais. - ele voltou a me olhar como se estivesse me decifrando. - Aí eu vi que você não queria nada mais que pegação, porque ao mesmo tempo que ficava com outras, mesmo na minha frente, você insistia pra ficar comigo.
-Isso te incomoda, mesmo a gente não tendo nada?
-Incomoda muito. - fui sincera. - Eu gostei de conhecer uma parte sua que não conhecia, não posso negar que achei graça toda aquele bate boca que a gente teve. - rimos - Quando vi eu estava tão atraída por você ao ponto de te querer na mesma intensidade que você me queria.E… - fiz uma pausa e ele esperou que prosseguisse - Eu estou com medo.
-De quê?
-Eu estou com medo de estar sentindo algo que só senti uma vez na vida, e que depois me machucou demais. Eu não quero voltar a passar por tudo de novo. Agora, depois de tudo que aconteceu eu tenho certeza que estou sentindo isso e não quero. - senti meus olhos lacrimejarem.
-O que é isso que você só sentiu uma vez? - o olhei engolindo em seco.
-Me custa admitir. É algo bom de sentir, mas me assusta vivê-lo.
-Então aquela proposta da gente continuar ficando está fora de questão. - ele afirmou.
-Embora eu queira ficar com você em outros momentos, não consigo.
-Mas com os caras que você fica, eles também ficam com outras e você não se importa.
-A diferença é que sou eu que vou atrás quando quero ficar. - contei - E quando não quero, simplesmente recuso e fico na minha. E, além do mais, eu não gosto deles como gosto de você. E sei que no nosso caso você vem atrás e eu não vou conseguir ficar contigo, sabendo que depois você irá ficar com outra. É meio complicado de entender, mas eu não consigo passar por tudo o que passei de novo.
-O que você passou que tanto esconde?
-Na hora certa você vai saber.
-Na real, você quer saber o que eu penso? - assenti. - A gente tem de se resolver primeiro com nós próprios. A vida que eu levo não é a mais certa, mas é a que eu acho correta para mim neste momento, contudo eu sei que vou mudar de ideia. E você. - me olhou e acariciou meu rosto - Você precisa se resolver com o seu passado e não pensar que vai passar por tudo, que seja lá o que foi, de novo. Você precisa se livrar disso para seguir em frente.
-Eu concordo com você. Por isso acho que o melhor é a gente ser apenas amigo.
-O tempo vai dizer o que a gente tem de ser.
-Obrigado por me entender, não forçar nada e sempre respeitar as minhas decisões.
-Não ganharia nada se não te entendesse nem respeitasse. Eu te disse que você merecia o melhor, eu sei que posso ser esse melhor, mas neste momento ambos sabemos que não o sou.
-Tudo bem. - bebi um pouco.
-Já que a gente está aqui porque não aproveitar? - foi se aproximando ainda mais.
-O que acontece em Vegas…
-Fica em Vegas. - ele me completou e me tomou num beijo avassalador.


As suas mãos foram para a minha cintura e subi em seu colo de frente para si. Seus lábios quentes desceram para meu pescoço e suas mãos percorriam meu corpo como se fossem desenhadas para ele. O puxei para cima e o beijei de novo. A mão de Luan invadiu minha blusa a subindo mas fomos interrompidos pelo celular tocando.


-Atende Luan.
-Depois a gente continua. - me deu um selinho e nos levantámos. - É o Rober, daqui a 15 minutos vão descer.
-Melhor a gente ir então.
-Em 15 minutos podemos fazer muita coisa. - falou sedutor e me puxou para si me beijando.
-Mas a gente não se pode atrasar, melhor parar por aqui. - o encarei.
-Não quer dizer que não nos podemos  continuar beijando. - riu sapeca e o acompanhei me envolvendo.


Luan fechou a mala e saímos, todos estavam perto do elevador e acho que ninguém reparou quando saímos juntos do mesmo quarto. O voo estava marcado para as 15h30 e ao contrário da vinda os lugares foram ocupados só por mim e Luan.  Depois de levantarmos voo Luan começou a mexer no ecrã que tinha para cada um dos passageiros.


-Bora ver um filme? - ele propôs.
-Aham.
-Meninos. - Arleyde chegou com uns papéis em mãos. - Preciso conversar com vocês.
-Fala Lelê.
-A gente vai chegar de madrugada e amanhã já têm entrevistas marcadas. Uma vez que o seu show é em SP mesmo, marquei lá no escritório durante a tarde. Maria Clara você também, eles vão perguntar por você e se estiver lá pode responder por você mesma. Aqui estão algumas das ideias que vocês têm de abordar, porque são essenciais para entender o clipe e o porquê de o lançar um mês antes do DVD. - nos deu um papel - Luan vê se não atrasa. - o advertiu.
-Pode deixar, vou chegar a horas. - piscou-lhe o olho - Mas serão várias entrevistas?
-São, os mídia principais estarão presentes e de noite o Piunti e o Marco irão no show para levantar informação para os sites deles.
-Legal, a Joana falou em algum data prevista de lançamento?
-Está tudo aí no papel. Maria você não tem ninguém que te represente né?
-Não.
-Imaginei, por isso tomei a liberdade de agendar uma entrevista sua com uma revista especializada na área da dança. Se você estiver interessada. - Não esperava por isso e Luan me olhou sorrindo notoriamente feliz por isso.
-Claro que ela está. - falou por mim - E você está autorizada a agendar quantas foram solicitadas Lela.
-Não quero abusar de você Arleyde. Agradeço essa entrevista mas não precisa fazer mais por mim. - sorri sem jeito.
-Eu me responsabilizo por tudo que for preciso Lela.
-Tudo bem, eu não em importo de te ajudar Maria Clara, e uma vez que é por algo relacionado ao Luan não precisa se preocupar com nada. - anuí  - Vejam o que aí está escrito e Maria Clara você tem de assinar este documento aqui que comprova a segunda parte do seu pagamento que já foi depositada na sua conta, o recibo vai junto. - abri a minha mala e tirei uma caneta mas um papel caiu sendo apanhado por Luan. Assinei e Arleyde saiu.
-Que papel é este Clara? - perguntou me olhando estranho.


Luan On:


Assim que abri o papel que Clara deixou cair fiquei tentando traduzir e entender o que lá estava escrito. Não entendi nada e assim que lhe dei ela semicerrou o olhar começando a ler mas logo a sua expressão foi mudando para admiração e… seria susto? É, talvez susto.


-Que diz aí?
-A gente se casou. - me informou e fiquei do mesmo jeito que ela antes a olhando. 

Hey gatinhas *-* Parece que o nosso casal se lembra bem daquilo que fez, mas está faltando um detalhe kkkkk Eles conversaram sério e parece que se entenderam. Vão continuar amigos até que algo mude isso ... kkkk E essa tarde de entrevista e noite de show? Será que acontece alguma coisa? Parece que a Clara já está na mira de revistas de dança e muito mais virá... E esse papel? Nosso casal descobriu que afinal se casaram kkkkkk Comentem bastante. Beijos !