Capítulo 41

Liguei novamente e nada dela atender. Avisei Sorocaba que teria de me ausentar um pouco e fui pra sala onde não tinha ninguém tentar ligar para a Maria Clara.

 

 

- Luan tá tudo bem? - Hugo passou ali.

- Não cara, sua irmã me ligou e não falou nada, só ouvi buzinas de carro e gritos.

- Ela não te atende? - indagou preocupado.

- Não, já tentei várias vezes. - falei desesperado.

- Vou tentar do meu.

- E aí?

- Nada, só espero que não tenha acontecido algo de grave.

- Vou tentar chamar no whatssap.

 

 

Tentei várias vezes e ela não dava sinal de vida. Hugo ficou do meu lado e assim que decidi acabar com o churras ela me liga. Atendo rapidamente e pude ouvir um barulho de sirene de fundo.

 

 

- Que aconteceu amor?

- Uma tragédia. - falava preocupada - Mas vai ficar tudo bem.

- Foi com você?

- Não, graças a Deus não. Foi a Tatiana.

- Que foi?

- A gente foi no shopping junto com alguns brasileiros do grupo e na volta ela se distraiu no celular e foi atropelada bem na hora que você me atendeu. Desculpa te deixar preocupado.

- Graças a Deus que você está bem. - respirei aliviado e Hugo fez o mesmo - Onde você está agora?

- No hospital, vim com ela.

- Foi grave?

- Mais ou menos, ela partiu o pé, terá de se ausentar.

- Que pena amor, espero que ela melhore.

- Vai melhorar. E aí como vão as coisas?

- Bem, a galera está aqui em casa no churras, a Bia já engraçou com o Caio e tudo. - rimos.

- Ela não perde tempo.

- E o Felipe também está aqui.

- O Felipe? Você chamou ele? - indagou surpresa.

- Não, eu chamei a Fernanda e ele veio junto, eles estão namorando.

- Aquela Fernanda? - indagou em desagrado e assenti - Porque chamou ela?

- A gente se conhece, tem uma amizade legal e não se preocupa que nunca passou de beijo. - a acalmei.

- Hum. - senti ciúme. 

- Hum o quê? É verdade. - ri fraco.

- Tá bom, só espero que ela seja decente para o Fê.

- Ela é. E aquele cara voltou a se meter com você?

- Não, acho que percebeu o recado.

- Um mês sem você já. - constatei saudoso.

- Passou rápido até.

- Se os outros forem assim nem vai custar tanto.

- Tem se comportado?

- Claro que sim, sou ajuizado.

- Engraçado. - me zoou - Não tem piranha por aí né? Nenhuma amiguinha da sua irmã?

- Não, só os meus parças mesmo e as namoradas deles.

- Acho bom. Amor vou desligar, vou fazer companhia pra Tati, beijo.

- Beijo na boca loirinha, te amo.

- Te amo.

 

 

Contei a Hugo o que tinha acontecido e voltei pro churras que rolou até quase de manhã. Viajei duas semanas seguidas e confesso que estava sentindo mó falta de transar, tanto que andava insuportável.

 

 

- Boi você anda com problema? - Rober me perguntou enquanto arrumava meu cabelo pela segunda vez naquela noite no camarim.

- Que anda que problema o quê?

- Parece, cê é esquisito com o seu cabelo mas já está exagerando.

- Ah Testa, se você soubesse a falta que a Clara me faz.

- Ih já vi tudo, tá com falta né?

- E não é pouco.

- E como você aguentou este tempo todo?

- Quer mesmo que te explique?

- Quem diria que você fosse matar a vontade dessa forma. - me zoou e o olhei bravo.

- Até porque você não né?

- Ela sabe disso?

- Não tem de saber. Mas falta pouco pra gente se ver.

- Ela não ia ficar quatro meses fora?

- E vai, mas quando fizer dois eu vou lá fazer uma surpresa, ela faz aniversário.

- Por isso o Fábio estava dizendo que no início de setembro não poderia marcar show.

- Agora já entendeu.

 

 

Não sei se era impressão minha mas assim que comecei a receber as minhas fãs e depois os convidados e amigos dos contratantes senti várias mulheres me cobiçarem. Algumas até me propuseram propostas indecentes. Clara me tinha tido que se eu não aguentasse para a avisar apenas, talvez ela entenderia mas eu sabia que se fosse pra cama com outra não seria igual e a vontade iria ficar sempre, porque era a minha namorada que eu queria.

 

 

- Pi vamos no cinema hoje. - Bruna me avisou após chegar a casa para curtir meus três dias de folga.

- Você não prefere curtir uma piscina em casa da sua cunhada?

- Você vai pra lá?

- Estava pensando sim, quero ver o que ela tem por lá que me ajudará a comprar um presente para ela.

- Você tem certeza que não quer que eu vá junto nessa viagem?

- Já disse que não. Quero ir sozinho e você não tem de ir pra Miami não? Achei que já tivesse passado os dias.

- Não, o Hugo adiou para daqui uma semana.

- Então vamos de tarde para casa da Clarinha e de noite shopping comprar o presente e ir no cinema como você tanto quer.

- Pode ser, vou avisar o Hugo.

 

 

Entre as coisas de Maria Clara não vi nada que pudesse me ajudar, ela era bem eclética e embora fosse bom porque poderia gostar de várias coisas, era mau, porque me fazia ficar indeciso e confuso. Depois de ver os seus álbuns de criança pude ver fotos suas montando a cavalo, coisa que ela fazia em Campo Grande com certeza. Vi suas fotos dançando menininha ainda e outras suas na praia. Ri com muitas delas e foi depois de várias que tive uma ideia.

 

 

- E aí Pi achou alguma coisa?

- Achei, só espero encontrar no shopping.

- Se quer uma dica, ela gosta do que é mais simples, grandes coisas nunca a entusiasmaram muito. - Hugo me avisou e entrei na piscina.

- Obrigado irmão, acho que ela vai gostar do que tenho em mente.

 

 

 

Clara On:

 

 

Se para mim estava ruim aguentar, imagino que para Luan esteja sendo uma dor de cabeça. Contudo os ensaios que se intensificaram nestas últimas semanas davam para amenizar essa falta. Tatiana ficou de fora e talvez só no último mês pudesse voltar a integrar o grupo, uma vez que o diretor era super compreensivo e aceitou perfeitamente a volta dela. Faltavam pouquíssimos dias para a primeira apresentação e para o meu aniversário também, que seria o primeiro longe da minha família e de Luan.

 

 

- Clara você já encenou né? - Fábio me perguntou e assenti.

- Porque quer saber?

- Já namorava o Luan quando isso aconteceu?

- Não, aí a gente era só amigo. Porquê?

- Nada não, curiosidade. Estou vendo que a apresentação vai ser incrível, você leva jeito para encenar pelo que vi no clipe.

- Ah que é isso, só faço o meu trabalho e aquilo que gosto.

 

 

Finalmente o grande dia chegou. Hoje seria a minha primeira apresentação. Falei com Luan cedo e ele me desejou a maior sorte do mundo. Depois disso não poderia ter acesso a celular, apenas descansar e me concentrar. Fizemos um ensaio geral e fomos nos preparar nos camarins. Pelo que diziam nos corredores o teatro estava enchendo e o nervosismo também, mas sabia que era saudável.

 

 

- Está pronta?

- Estou Fábio, vamos lá. - respirei fundo e assim que as cortinas se abriram o espetáculo começou.

 

 

Tudo aquilo que ensaiamos durante dois meses estava sendo mostrado ali pela primeira vez e a vontade de fazer o nosso melhor era imensa. Dei tudo de mim e a cada passo dado era a certeza de que estava fazendo a coisa certa. Por ter o papel principal juntamente com Fábio, o nosso final seria um pouco romântico, nada de muito exagerado, apenas terminaria com um beijo no rosto, visto que era clássico e retratávamos uma época bem passada. Mas assim que virei a cara para lhe beijar o rosto ele o virou e nossos lábios se encostaram no selinho que rapidamente fiz questão de quebrar sem dar muita bandeira.

 

 

- Cara o que você pensa que estava fazendo? - perguntei no camarim após o agradecimento e aplausos.

- Ué, achei que ficaria melhor.

- Achou mal, você deveria ter falado comigo antes. - me enervei.

- Quando você fez o clipe com o Luan também se beijaram e não foi selinho não, que eu saiba vocês não namoravam ainda, o que custava ter encenado algo parecido?

- Você é idiota mesmo. - o xinguei - Eu quando beijei o Luan não namorava nem com ele nem com ninguém, agora namoro e não posso fazer isso, eu respeito o meu namorado e ele não vai gostar nada de saber disso quando lhe contar.

- Vai fazer queixinhas? - debochou e estava capaz de lhe bater.

- Não será preciso, eu vi. - Ouvi alguém falar e eu reconhecia aquela voz mas estava achando sonho demais ser ele.

- Luan? - indaguei assim que o vi na porta, corri para ele que me acolheu fortemente em seus braços.

- Eu mesmo. - beijou minha testa e me abraçou de novo.

- O que está fazendo aqui? - acariciei seu rosto.

- Vim fazer uma surpresa, mas encontrei outra.

- Eu posso  explicar.

- Eu pude ouvir que foi sem seu consentimento. Fica tranquila. - desviou o olhar do meu e encarou Fábio que estava retirando a maquiagem da cara. - Só te aviso uma vez, se você volta a insistir pra ter alguma coisa com a minha namorada mais uma vez eu te coloco pra fora disto tudo.

- Uau, Luan Santana e as suas influências. - ironizou - Foi assim que a Maria Clara passou na audição?

- Muita coragem a sua em achar isso. - Luan falou sarcástico mas com raiva. - Ela é muito melhor do que você e eu posso te colocar pra fora pelas minhas próprias mãos.

- Lu não fala isso, o Fábio aprendeu né? - perguntei firme.

- Seu namorado não me assusta. Mas só se o diretor vir mal algum no nosso beijo é que eu páro, senão…

- Senão sabe o que te acontece. - Luan avisou e saiu me puxando. - Onde é o seu camarim?

- Aqui. - entramos e o olhei - Você tá bem?

- Aham, só preciso do seu beijo e que você se arrume rapidinho, temos um jantar nos esperando. - Fui até ele e o beijei intensamente, era tanta saudade que uma noite nos beijando não seria suficiente.

- Veio sozinho? - indaguei tirando minha maquiagem para fazer outra mais leve.

- Vim amor, não poderia faltar á sua primeira apresentação e nem deixar o seu aniversário passar em branco.

- Como você sabe o dia em que nasci? - o encarei curiosa pelo espelho.

- A Bia me contou. - riu fraco - Então tive de vir, até porque já não estava aguentando.

- Foi castigo dois meses né?

- Demais, tive de usar outros meios senão dava em maluco.

- Que meios Luan? - segurei o riso e ele torceu em boca.

- Falei demais. - mexeu no cabelo nervoso.

- Já entendi. - ri - Não precisa ter vergonha disso, prefiro assim do que com alguém.

- Ah é? Mas sabe que continuo com vontade? - chegou atrás de mim apertando minha cintura.

- Temos a noite por nossa conta.

- Gosto demais em saber disso. - beijou meu pescoço e me virei para ele o deixando me despir já que ainda não o tinha feito.

- Não dá pra demorar muito aqui amor.

- Eu sei. - o beijei e quando estava apenas de roupa íntima me afastei pegando na minha roupa.

 

 

Assim que terminei peguei nas minhas coisas e saí dando de cara com o diretor que falava com Fábio no corredor. Enlacei minha mão na de Luan e seguimos.

 

 

- Maria Clara. - o diretor me chamou.

- Sim, seu Igor.

- O Fábio estava falando do beijo no final, eu achei uma ideia bem ousada, queria saber o que você achou disso? Concorda em prosseguir desse jeito?

- Não, sinceramente não gostei nem um pouco. O Fábio não me respeitou e fez sem eu querer. Eu poderia me armar em atriz e dizer que não me importava, mas eu sou bailarina não atriz. Além do mais, namoro e não me sinto nem um pouco bem em fazer isso.

- Seu Igor. - Luan falou - Eu agradeço-lhe por me ter ajudado a chegar aqui e surpreender a Clarinha, mas sinceramente essa ideia está fora de questão.

- Acho que não preciso dizer mais nada Fábio, continuaremos com a ideia inicial. - avisou e saiu fazendo Fábio nos olhar tedioso.

 

 

Luan saiu me puxando e entramos num carro que ele com certeza alugou. 

Oi *-* Afinal não foi nada com a nossa Clarinha, apenas com a Tati, tadinha! Luan anda usando outros meios para matar a vontade kkkkk mas agora já vai poder aproveitar. Ele surpreendeu Clarinha e viu o que menos esperava, esse Fábio anda armando encrenca, será que vai rolar mais alguma coisa até ao fim da viagem de Luan? E esse presente de niver o que será que é? Agora o nosso casa está em Amesterdão, quem chuta o que vai rolar? Comentem bastante hein? Beijocas <3