Capítulo 54

Marcos entrou na frente e assim que entrámos completamente vi Luan de costas bebendo uma água. Amarildo conversava com Arleyde e assim que me viram sorriram grande. Luan percebeu a movimentação e quando olhou para trás ficou embasbacado. 

- Ma- Maria Cla-Clara? - falou gaguejando não acreditando no que via. - Nossa. - Num impulso ele me puxou para ele e me abraçou. Não retribuí e fui o empurrando devagar. - Não esperava te ver.

- Eu muito menos. - falei séria e fui abraçar Amarildo e Arleyde. - Gente é o Marcos, meu namorado.

- Prazer. - Marcos disse estendendo a mão para Luan que olhou um tempo antes de apertar com alguma força. 

- Você não estava na Áustria? - Luan me perguntou.

- E estou, mas estou há quase duas semanas me apresentando aqui.

- Legal... - sorriu fraco - O Hugo te falou alguma coisa?

- Aham, vamos deixar para outro momento.

- Como quiser. - falou sem graça e sem parar de me encarar me deixando nervosa por Marcos poder estar topando. - Você tem andado bem?

- Melhor do que nunca. - sorri cínica, o tal amigo de Marcos entrou no camarim e ele soltou minha mão gelada me dando um beijo no rosto indo falar ele. 

- Você está ainda mais linda. 

- Igual, você que deve estar reparando demais.

- Perder pra valorizar. - confessou sério respirando fundo. 

- Não tenho culpa. - continuei falando seca e fria. 

- Óbvio que não. Adorei que você veio, não esperava.

- O Marcos que me quis fazer uma surpresa, por mim nem vinha. 

- Sério? Eu não seria doido de levar minha namorada pra ver o ex. - riu fraco ignorando a segunda parte do que falei. 

- Ele não sabe.- falei baixo. - Nem precisa saber. - avisei. 

- Omitindo coisas Maria Clara? - cruzou os braços segurando um riso sarcástico.

- Não te interessa. - Ficámos nos encarando um bom tempo sem nada dizer.

- Filho a Cecília quer falar com você. - Amarildo chegou perto com o celular. 

- Obrigado pai. Oi filha. - sorriu sincero e foi inevitável não sorrir com aquela cena. Ele ficou falando com ela ali na minha frente sem se importar com a minha presença. Aproveitei para o observar e pude reparar que estava mais malhado e embora fosse impossível, mais bonito ainda. - Papai volta logo mais meu amor... Também estou morrendo de saudade sua... Sim, quando eu voltar você viaja comigo... Também sinto falta de dormir com você Ceci... Sabe quem está aqui? - semicerrei o olhar prestando atenção na conversa. - A Maria Clara... É filha, ela mesma...Vou passar. A Cecília quer falar com você, se importa? - me pegou de surpresa, pelos vistos ela sabia quem eu era. Neguei timidamente e peguei no celular. 

- Oi Cecília.

- Oi Ma. - falou empolgada e ri fraco pelo apelido dela - Fico feliz que cê tá junto de meu papai, não quelo ver ele tiste longe de ti, volta logo tá bom? 

- Logo mais eu volto e quero conhecer você.

- Também, cê sabe que eu danço? - ri dando conta de que Luan estava destinado a estar relacionado com dança. 

- Não sabia, mas gostei de saber. Vou te ensinar muitos passos quando a gente se conhecer.

- Legal, obigada. - respondeu educada - Todo mundo diz que eu paleço contigo. 

- Verdade?

- Num sei, mas cê é linda por isso também sou.

- Claro que é. - ri da sua esperteza.

- O papai sonha com cê muitas vezes, até diz que eu sou filha de cês dois. - fiquei sem jeito e Luan apenas me olhava sem perceber as minhas caras e reações. 

- Você é muito querida sabia?

- Cê também. Vovó tá dizendo que está na hora de jantar. Não esquece de mim tá? Dá muitos beijos no meu papai por mim e faz ele solir muito.

- Você fazer o possível. Adorei falar com você princesa, beijos. - desligamos e dei o devolvi o celular. 

- Um amor né?

- Demais, você teve uma atitude muito nobre. - falei a verdade. 

- Obrigado, minha mãe me levou na associação um dia e me encantei de cara por aquela pequenina, ela tem algo que me apaixona sabe? Não consegui deixá-la lá, tinha a certeza que a poderia tornar minha filha, sentia isso. 

- Parabéns, deu pra perceber que ela te ama muito. - sorri fraco. 

- Ela te falou alguma coisa? Normalmente ela não filtra as coisas, fala tudo que vem á cabeça.

- Crianças. - rimos e Luan passou sua mão em meu braço fazendo leves carinhos. 

- Tenho certeza que vocês vão se dar super bem.

- Amor vamos indo? - Marcos voltou e me abraçou pela cintura e Luan tirou imediatamente a mão. 

- Pra quê a pressa? - Luan indagou.

- O seu assistente falou que você ia entrar dentro de poucos minutos. 

- Ah bom. Obrigado pela visita, apareçam depois do show.

- Depois vemos isso. - me intrometi. - Vamos Marcos?

- Aham. - se aproximou e me deu um selinho. - Te amo. - me sussurrou de forma a que outros ouvissem também, neste caso Luan que desviou a cara para o chão, mas como sempre não retribuí. 

Saímos depois de darmos um "tchauzinho" para todos e seguimos para a frente do palco, área vip, onde estavam algumas mesas. Nos sentamos na da frente do palco mesmo e Marcos pediu algumas bebidas ao garçom. 

- Gostou? 

- Foi legal. - falei sem nenhuma animação. 

- Vi vocês conversarem bastante, muita coisa para colocar em dia? 

- Alguma. 

- O que vocês têm pendente? Desculpa a pergunta mas fiquei curioso por você falar para deixarem para outro momento.

- É coisas profissionais. - menti e as bebidas chegaram. 

- O cara é gente boa. - estava farta daquela conversinha e o beijei envolvente. - Hum.

- Depois do show podemos ir numa baladinha, que acha?

- Bom demais. 

O show foi incrível como sempre, não dá pra negar que não estava com saudades. Meu coração batia freneticamente a cada melodia, me fazendo lembrar dos momentos em que adormecia ao som da sua voz. Na Cantada ele olhou bem para mim, assim como na Escreve Aí, como se estivesse me enviando alguma mensagem. O show terminou e estava apertada demais para ir no banheiro. 

- Amor melhor você ir no backstage.

- Que seja. - falei andando rápido, queria despachar para não me esbarrar em ninguém indesejado, entenda-se, Luan. 

O banheiro tinha uma parte comum dos lavavos e duas partes individuais para homens e mulheres. Fiz o que tinha de fazer e saí pra lavar as mãos e retocar minha make. Ouvi um barulho e do banheiro masculino saía Luan que ficou surpreso por me ver. 

- Jura que você namora? - puxou assunto e não respondi - Parece que só ele namora com você. - continuou enquanto me encarava pelo espelho.
- Não é da sua conta, Marcos me faz bem. Vai cuidar da sua namoradinha.
- Pode até fazer bem mas feliz não faz. E eu não namoro, já ficou sabendo dos boatos foi?
- O que você sabe sobre isso? A pessoa que mais me entristeceu. - ri irónica. - Se não namora, melhor tomar cuidado com quem fica.
- Sei que comigo você tinha um brilho no olhar, um á vontade bem grande, uma alegria contagiante e estava sempre disposta a zoar com alguém. E quanto á Carol, queria entender o que você e a Bruna têm contra. - bufou irritado.
- Isso é passado. - falei seca virando costas e ele correu na minha frente trancando a porta. - Ah não, você não vai fazer isso.
- Já fiz. Só quero saber porque você está presa a alguém que nem ama.
- Eu amo o Marcos sim.
- Hum, por isso que retribuiu né? O cara te chama de amor e você? Marcos. Realmente você ama muito ele. - segurou o riso me irritando.
- Não sei o que você quer, mas não vale a pena gastar suas palavras, o nosso tempo já foi. Você mesmo disse que não queria lembrar mais de mim por isso acho que estamos conversados. - falei firme.
- Temos muito pra conversar ainda, mas no Brasil a gente trata disso. - Dei alguns passos pra sair e ele segurou meu braço me puxando para ele colando nossas bocas.


Por mais que quisesse quebrar o beijo não conseguia. Luan tinha essa capacidade de me prender durante um beijo. Suas mãos apertaram meu corpo me empurrando para a parede do banheiro. Eu estava cedendo demais para o meu gosto e quando dei conta da besteira que estava fazendo o empurrei lhe dando um tapa bem forte no rosto.


- Nunca mais pense sequer em repetir. - lhe apontei um dedo e falei brava.
- Vai dizer que não sonhava com o meu beijo?
- Você não se toca mesmo né? Depois de tudo tem a cara de pau de reagir assim. - o olhei incrédula.
- Depois de tudo eu vi o quão idiota eu fui, e me arrependo todos os dias por te ter magoado daquele jeito. - se aproximou.
- Tarde demais.
- Nunca é tarde, eu vou te reconquistar. Eu sei que você me ama tanto quanto eu te amo.
- Gosta de levar tocos né? Se coloca no seu lugar e me deixa viver minha vida em paz.
- Essa paz sou eu quem te dou. - revirei os olhos impaciente - Eu não vou desistir. Por você sempre valerá a pena, lembra? - acariciou meu rosto e o encarei respirando fundo. - Eu te amo Maria Clara, é você quem eu quero do meu lado.
- Azar o seu, pois prefiro estar sozinha do que mal acompanhada.
- Mal acompanhada você já está. - revidou e me afastei dele.
- Espero que você seja feliz, longe de mim. - falei com todo o ódio que meu coração sentia por ele envolto a um amor superior a esse mau sentimento mas machucado . - Até mais. - abri a porta e saí dando de caras com Marcos.
- Tudo bem?
- Aham, podemos ir. - entrelacei nossas mãos e saímos rumo á balada.



Luan On: 


Não queria acreditar que ela estava na minha frente de novo, aquela mulher era a MINHA mulher. Quem eu mais amava. Mas ela deixou claro que estava machucada me tratando com frieza. Apenas Cecília conseguiu amolecer um pouco o clima tenso que se fazia entre a gente. Quando vi ela e o Marcos senti uma raiva imensa e reparei que ela não amava ele. Apenas estava usando o cara para me esquecer, tal como eu, ficando com várias. Mas nem isso resultava. Ao vê-la sozinha no banheiro não podia deixar a oportunidade passar. Sentia tanta falta daqueles lábios, daquele perfume, falta dela. Não esperava o tapa e as suas palavras doeram mais do que isso. Agora percebi a força que minhas palavras tiveram sobre ela no hospital, com certeza doeram bem mais do que qualquer surra.


- Boi, balada agora? - Rober sugeriu e assenti. - Que noite.
- Nem me fala nada. - respirei fundo.
- Ela continua linda.
- Ainda mais. Só Deus sabe o quanto eu a desejo. - confessei e Rober riu.
- Agora se lamenta né. Melhor você começar a rezar para ela te perdoar porque pelo que percebi está foda. - zoou.
- Eu vou conseguir.- falei convicto - Aquela mulher me ama, senti isso no beijo dela.
- Espera, que beijo?
- Está querendo saber demais- ri fraco - Mas você  me conhece, sabe que não ia deixar passar.
- Se sujeitou a uma surra do namorado dela.
- Ele que venha, não me assustou aquele mauricinho.


Tomei um banho no camarim e me arrumei. Rober que sabia a balada que iríamos e assim que entrámos pude reparar que não estava muita gente. Melhor assim, não queria muita confusão mesmo. Não tinha camarote e ficámos numa mesa junto com todo o mundo da banda que topou ir também. Pegámos as bebidas e ficámos observando.


- Luanzera olha ali. - Rober me tocou e olhei para onde ele apontava.
- Deus quer a gente junto. - rimos vendo Maria Clara dançando com aquele babaca que ela chamava namorado.
- Vai lá.
- Tá doido? Ela é bem capaz de me esculachar.
- Então olha só.
- É o jeito.


Não parei de a olhar desde quando soube que estava ali. Percebi ela dizer ao Marcos que a bebida acabou e ele negou, talvez não a deixando beber mais. Ri sarcástico, aposto que até disso ela tinha saudade de quando estava comigo que deixava ela beber à vontade, pois cuidaria dela ou vice-versa. Ela fez uma cara feia e logo vi Marcos saindo talvez indo no banheiro já que deu o copo dele pra Maria Clara.


- É agora. - disse a Rober que me olhou confuso mas logo percebeu o rumo que tomava.
- Boa sorte. - ouvi ele gritando e segui.


Clara dançava de costas pra mim e apertei sua cintura a juntando ao meu corpo. Ela não se afastou e apertou minha mão talvez pensando que era o outro casa. Afastei seus cabelos e dei leves beijos em seu pescoço vendo que ela mantinha seus olhos fechados. Marquei o seu pescoço e só aí ela se afastou rapidamente.


- Ai Senhor. - falou perplexa me olhando.
- Estava vendo que não ia dar conta. - falei convencido.
- Porque você fez isso sabendo que o Marcos poderia aparecer a qualquer momento?
- Então o seu problema é ele aparecer, porque você queria né? - segurei o riso e ela me olhou raivosa.
- Não vem com esse papo, já te falei que você não deveria pensar nisso sequer.
- Mas eu te disse que você é minha e sempre será, pouco me importa se aquele playboy visse a gente, saberia de uma vez por todas que o seu coração me pertence.
- Não fala bobagens.
- Você sabe que não são bobagens. Mas não quero estragar nada que não existe entre vocês. - ri - Só quis te marcar pra você se lembrar ainda mais de mim. - pisquei o olho e dei costas mas ela me puxou pelo braço me virando para ela.
- Esquece que eu existo. - me olhou nos olhos séria - Você já me machucou demais, não preciso que fique fazendo essas cenas, pode ter certeza que me lembrarei de você, mas pela negativa. - se soltou e andou entre as pessoas até a perder de vista.


Voltei para onde a galera estava e pedi uma bebiba mais forte. Ninguém ousou me falar alguma coisa, provavelmente teriam visto a cena. Ela podia negar o quanto quisesse mas eu sabia que ela me amava. Um tempo depois o casalzinho apareceu de novo e enquanto dançavam a vi rodar a pista como se estivesse procurando alguma coisa. Pude notar o seu cabelo pra frente tampando a marca e segurei o riso. O seu olhar encontrou o meu e logo desviou beijando o seu namoradinho.


- Boi a mulher não te quis e você vai ficar aí com essa cara de sofrência?
- Cala a boca, ela me quer só está magoada.
- Por você.
- Será que demora muito para ela esquecer isso e me perdoar?
- Sinceramente você não merece perdão.- falou calmo e o encarei.
- E é meu amigo imagina se não fosse. - ironizei.
- Por isso estou te dizendo a verdade. Você quer conquistar ela, larga de ser otário e de ficar com a primeira que te aparece. Larga de achar que ela te ama e por isso vai perdoar. Você tem de provar que a merece e lhe mostrar que ela merece te dar outra oportunidade que espero que seja a última, porque mulher magoada é fogo. Pensei que fosse mais profissa nisso. - me zoou e pensei em todas as palavras dele.
- Eu só não sei o que ela espera de mim. - confessou.
- Acho que agora nada.
- E se ela se interessar demais pelo Marcos e me esquecer de vez?
- Você disse com todas as letras que ela te amava e está inseguro agora?
- Estou, eu não quero nem pensar que a poderei perder pra sempre. - meus olhos lacrimejaram.
- Vamos parar com esse papo de mulherzinha chorona e tomar atitude boi.
- Vou mas é voltar para o hotel, estou cansadão.
- Vamos todos então.
- Não precisa. - Ele nem me ouviu e falou pra galera que iríamos voltar, eles concordaram, dava pra ver o cansado de longe.


Ao passar perto dela a olhei por uma última vez, pois na próxima já seria no Brasil, assim esperava. Ela me olhou e desacelerei o passo, ela não desviava e fui contra alguém. Vi que era uma moça que sorriu assim que me desculpei, mas quando olhei novamente para Maria Clara ela já não estava ali. Respirei fundo e saí.



Maria Clara on: 


Esta noite estava sendo demais para mim. Mas espero que Luan tenha percebido que não estava disposta a perdoá-lo tão fácil quanto ele talvez pensava. Eu sei que o amo e se for pra gente ficar junto ficaremos, mas agora não. O vi ir contra uma moça que fazia bem o tipo que ele gostava de pegar  e aproveitei a distração para sair com Marcos. Chegámos no hotel e estava cansada demais.


- Que horas vai pro teatro amanhã?
- Só tenho apresentação de noite.
- Podemos dormir até tarde né? - acariciou meu rosto e assenti sentindo seus lábios colarem nos meus. - Que tal terminar a noite da melhor forma. - me sussurrou e passou a beijar meu pescoço.
- Acho uma ótima ideia. - ofeguei e ele continuou passando para o outro lado. Meu vestido já estava no chão e Marcos agarrou meus cabelos levando minha cabeça para trás.
- Que marca é esta no seu pescoço? -  falou um pouco sério e abri meus olhos o encarando.

Boas amorecos! Vish, nosso casal se reencontrou, vou nem falar nada. Comentem apenas ahaha quero saber o que vocês acharam e o que vai acontecer agora! Beijos <3