quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Capítulo 102

- Porque você fez isso? - perguntei com a mão no rosto tentando amenizar o ardor que exalava. 
- Jura que não sabe? - falou com certo desdém com os olhos vermelhos de raiva.
- Clara o que eu fiz pra você reagir assim?
- Me mentiu. - falou entre dentes.
- Como assim?
- Você pode me fazer de burra mas de corna você não faz. - me atirou o celular e assim que vi o que ela estava vendo antes percebi tudo. Tatiana me mandou no whats uma mensagem agradecendo pela conversa da tarde e me mandou algumas fotos dela experimentando roupa me pedindo opinião, não percebo porque ela fez aquilo, mas não posso tirar a razão á Maria Clara. - Que eu saiba essa Tatiana era sua colega de composição, você não é nenhum psicólogo e muito menos um consultor de imagem. Eu te falei que ela não prestava, mas você não me deu ouvidos e foi ter com ela na mesma, me pergunto quantas vezes isso aconteceu para terem essa intimidade toda. - esbracejou visivelmente irritada e com as lágrimas descendo incessantemente pelo rosto. 
- Não aconteceu mais vez nenhuma, eu ia te falar. - tentei me explicar - Não aconteceu nada do que você está pensando, eu apenas fui conversar com ela mas estava decidido na minha cabeça que seria a última vez, nunca aconteceu nada e não iria acontecer, é você que eu amo.
- Ama mas me mentiu, cadê a sinceridade que a gente sempre teve, cadê a confiança? Sempre resolvemos tudo conversando de forma direta, sempre nos respeitamos e agora você faz isso? Que miúda abusada, eu juro que se a vejo ela não me escapa, eu juro. - falou ameaçadora e até eu tive medo. Meus olhos ardiam e o medo dela não me entender aumentava.
- Clarinha, eu não fiz nada, ela só queria desabafar...
- Você não é psicólogo. Ela não tinha o direito de te mandar essas fotos em roupas curtas, o que ela estava querendo hein? Te tentar? Daqui a nada está mandando nudes.
- Não fala isso, eu nem percebo porque ela fez isso.
- Luan apenas me faz um favor, vai embora, vai embora e me deixa sozinha. - pediu de costas pra mim com as mãos entre os cabelos. 
- Não vou embora coisa nenhuma, você não pode estar pensando que eu seria capaz de te trair né? - me levantei e caminhei até ela.
- Vai embora. - falou mais firme e se virou em prantos. 




- Já disse que não vou, também moro aqui e a gente é adulto para isso, vamos conversar feito tal. 
- Tudo bem. - pensei que ela tivesse acordado com o que eu falei mas ao invés disso a vi andando em direção ao closet.
- Onde você vai? - indaguei.
- Se não sai você, saio eu. - fechou a porta atrás de si me deixando impotente e desesperado. 


Ela tinha de perceber que eu não fiz por mal, apenas quis ajudar uma pessoa, eu ia contar tudo para ela, mas nem tempo para isso tive. Ela saiu poucos minutos depois segurando uma mala. Arrumou as suas coisas na sua bolsa e eu apenas fiquei observando enquanto as lágrimas molhavam meu rosto.


- Não vai Clara, sua casa é esta, sua família está aqui.
- Eu sei, por sair agora não significa que não me lembre que tenho os meus filhos, apenas preciso estar longe de você, já que você fez o favor de não ir pra longe de mim. 
- Vamos conversar, me deixa explicar.
- Explicar? Eu vi Luan, respeito era o que eu queria. Não que você me escondesse esses encontros com essa vagabunda de quinta. 
- Não tem encontros nenhuns, foi só hoje e eu juro que ia te falar mas você estava dormindo assim que cheguei.
- Cuida dos nossos filhos esta noite. - foi a última coisa que falou antes de cruzar a porta disparada. 


Coloquei as mãos na cabeça e me sentei na ponta da cama, não seria boa ideia correr atrás dela, pois a raiva aumentaria.



CECÍLIA ON:


A vó Mari insistiu pra gente jantar em sua casa mas o papai estava este dias de folga e quanto mais a gente estivesse junto melhor, tinha de aproveitar todo o tempo livre com ele. O vô Amarildo se dispôs a nos levar, fomos andando mesmo, era perto e aproveitávamos para conversar um pouco mais. Assim que o avô abriu a porta com a chave extra que ele tinha ouvi uns gritos no andar de cima. Mamãe e papai pareciam discutir. Era estranho, eles nunca discutiam e agora estavam gritando um com o outro. Senti Lucas estremecer uma vez que segurava a sua mão e o olhei vendo a sua cara de assustado. 


- Vamos para a cozinha. - avô Amarildo sugeriu, era o local mais longe dos quartos e por isso não se ouvia nada.
- Que está acontecendo mana? - Lucas indagou inocente.
- Nada que você tenha de se preocupar Lu. - afaguei seus cabelos e assim que entrámos no cómodo vi Cida preparando o jantar se surpreendendo com a nossa presença ali.
- Que visita boa. - nos saudou.
- Boa noite Cida.
- Boa noite seu Amarildo, vai ficar pra jantar?
- Não, apenas vim trazer as crianças.
- Cecília quer me ajudar a terminar a sobremesa?
- Claro, o que eu tenho de fazer?
- Só colocar a bolacha e o creme em camadas intercaladas nesta travessa de vidro.
- Tudo bem, vem me ajudar Luquinhas. - o puxei para a cadeira ao lado da minha e lhe ensinei o que ele deveria fazer. 


Estava preocupada com a discussão dos meus pais, mas sabia que eles ficariam bem. Eles se amam e é isso que acontece quando se ama, no fim as pessoas se resolvem e fica tudo bem de novo. Apenas queria distrair o meu irmão que não entendia nada e que se continuasse ouvindo os gritos era bem capaz de chorar e isso não seria bom de ouvir também. Meu avô ficou com a gente e minutos depois escutámos a porta principal bater com força. Toda a gente na cozinha se entre-olhou. 


- Fiquem aqui crianças, eu vou ver o que foi. 
- Tá bom vô. - respondi com meu coração palpitando rápido, eu queria saber o que aconteceu, quem é que saiu de casa daquele jeito? Será que meus pais tinham brigado feio mesmo ao ponto de um deles ir embora? As lágrimas ameaçaram rolar e algumas teimosas saltaram mas logo as tratei de limpar. 
- Meninos acho melhor vocês jantarem agora. - Cida falou com cuidado e assenti. 


A ajudei a colocar a mesa e ela nos serviu. Lucas comeu tudo e eu apenas metade, não estava com fome, ainda estava com dor de barriga e o apetite não era muito, apenas comi uma quantidade generosa da sobremesa que tínhamos terminado de montar. Ajudámos Cida a arrumar tudo e assim que términamos meu pai entrou na cozinha com uma cara nada boa mas tentou nos dar um sorriso acolhedor. 


- Menino Luan já dei o jantar ás crianças, posso servir o seu e da menina Maria? 
- Não, não estou com fome Cidoca, apenas deixa um prato pronto aí para o caso de me apetecer mais tarde, mas agora não quero não. E... obrigado por cuidar dos meus filhos.
- Ora essa, então eu vou indo tá bom? - perguntou com um pouco de preocupação e papai assentiu mexendo no cabelo, marca de que estava nervoso. Eu poderia ter apenas 13 anos e ser uma pré-adolescente mas conhecia muito bem meu pai e sabia que ele estava reprimindo algo ruim dentro dele. 
- Vamos subir meus amores. - assentimos e Lucas pediu colo. Segui na frente e pude escutar a pergunta que Lucas fez.
- Papai você e a mamãe estavam brigando?
- Porque você acha isso?
- Quando o vô trouxe a gente eu ouvi gritos, fiquei com medo.
- Esquece isso filho, não foi nada.
- Tudo bem, onde está a mamã?
- Ela saiu. - nesse momento tive certeza que minha mãe é que bateu a porta daquele jeito. 
- Ela vai voltar? - até eu parei e olhei meu pai que nos olhava com desespero.
- Vai, ela vai, eu prometo que ela vai. - falava rápido tentando manter a voz normal. Encarei o chão e segui pelo corredor até ao meu quarto.
- Filha daqui a pouco passo aí.
- Não precisa papai, eu vou ter com o senhor no seu quarto.
- Melhor eu passar aqui filha.
- Pai eu não sou nenhuma criança inocente feito o Luquinhas, deixa a gente te confortar esta noite, deixa a gente dormir com você? - pedi com o nó se formando em minha garganta. Ele deu um sorrisinho de canto e beijou a minha testa.
- Deixo filha. Até já. 


Tomei meu banho relaxante e lavei meus cabelos. Tentei não demorar muito, saí do banho e hidratei minha pele como mamãe me ensinou, dizia ela que eu tinha de me cuidar desde cedo e eu concordava, me sentia bem melhor fazendo isso. Sequei meus cabelos e lavei meus dentes. No quarto tirei o roupão e vesti o meu pijama. Peguei no meu celular e coloquei pra despertar cedo no dia seguinte, eu tinha escola e se mamãe não estava em casa para nos acordar, eu teria de estar prevenida. No quarto dos meus pais encontrei Lucas aconchegado na cama já dormindo enquanto meu pai estava no banheiro. Entrei debaixo das cobertas e fiquei na ponta sendo que Lucas estava no meio. 


- Pai senta aqui. - pedi assim que ele saiu já pronto do banheiro.
- Filha melhor você dormir, amanhã tem escola.
- Mas eu quero conversar com o senhor. - o olhei suplicante e ele se sentou na minha frente. - O que aconteceu com você e a mamãe? - fui direta e ele respirou fundo desviando o seu olhar do meu.
- Não te quero encher com isso filha, é coisa de adulto.
- Pai, não faz isso comigo, eu quero te ouvir. - peguei em sua mão e a acariciei.
- Eu fiz uma besteira, escondi uma coisa da sua mãe, mas eu ia contar. Só que quando cheguei ela estava dormindo e aí quando acordou descobriu tudo por uma coisa que viu no meu celular e começámos a brigar.
- O que o senhor fez?
- Filha eu apenas fui me encontrar uma conhecida que me pediu para eu a escutar, nada de mais. Mas a sua mãe não gostou e ficou imaginando coisas. - senti que a sua voz estava por um fio e o puxei para o meu colo começando um cafuné.
- Eu acredito no senhor, eu sei que não faria nada que machucasse a minha mãe nem a nós. A mamãe é ciumenta, o senhor sabe, mas tudo vai se resolver, já passaram por tanta coisa. - sorri doce e ele fechou os olhos assentindo.
- Obrigado filha, você nunca me abandonou. No final é sempre eu e você. - riu fraco. 
- Não fala isso. Eu não te abandonaria nunca, você me deu uma segunda chance na vida ao me adotar e me amar. Você me ama de um jeito que ninguém será capaz de amar, disso eu tenho certeza. 
- Você está ficando uma mulherzinha. - acariciou meu rosto sorrindo meigo. O abracei forte e ele retribuiu. 



CLARA ON:


Saí de casa com os nervos á flor da pele. Seu Luiz estava no carro preparado para ir embora e foi mesmo a tempo de lhe pedir que me levasse dali pra fora. Poderia ir pra casa dos meus pais, dos meus sogros, mas eu preferia um lugar onde as pessoas não tentasse acertar as coisas entre mim e Luan, disso só a gente seria capaz. Daí que decidi ir pra casa da Bia. Ela sempre me ouviu e me aconselhava. Cumprimentei o seu Murilo que se admirou com a minha presença ali acompanhada de uma mala. Lhe dei um "Boa noite" e subi. 


- Ué Ma, que aconteceu? - Bia questionou assim que abriu a porta. 
- Briguei com o Luan. - pousei a mala e me sentei derrotada no sofá. 
- Me conta tudo agora. - ela se sentou do meu lado e escutou tudo que lhe contei - Mas porque você saiu de casa então? Pelo que você me contou, você acredita que ele não fez nada.
- Eu apenas precisava de sair, não estava aguentando olhar mais pra ele.
- Acho que você quis lhe dar um susto né? - dei de ombros.
- Só sei que em tantos anos juntos não esperava voltar a sentir isso de novo. Eu queria matar ele e aquela biscate.
- Hey, se acalma. - me pediu - Os seus filhos?
- Estavam em casa dos meus sogros, mas Luan deve ter ido buscar eles. Amanhã eu vejo como eles estão, apenas me deixa ficar aqui.
- Claro que deixo. - me abraçou - Vai tudo ficar bem.
- Sabe, se fosse há uns anos atrás eu até era capaz de relevar isso, mas agora é impossível. Ele já não é mais um pré-adulto, ele é um homem com muitas responsabilidades, tinha de ter mais cabeça pra pensar que não seria boa ideia me mentir e ficar de papinho com qualquer uma. Ele sabe, eu sempre o avisei dessas mulheres interesseiras.
- Ele sabe disso e você também sabe do coração enorme que ele tem, normal ele não ver mal algum em ajudar as pessoas mesmo que elas tenham outras intenções.
- Eu sei, e se ele não aprende a bem, tem de aprender a mal. 
- Marrentinha.
- Não me chama isso. - fiz beicinho choramingando e ela riu sabendo que só o Luan me chamava daquele jeito. - O Fê?
- Digamos que a crise não caiu só no casal Santana, mas no meu também.
- Que aconteceu?
- A gente meio que deu um tempo... quer dizer, definitivamente demos um tempo. - suspirou e me preocupei.
- O que levou a isso?
- O mesmo de sempre. - me olhou óbvia - Ciúme besta do Hardin.
- Ainda? - ela assentiu.
- Pois é, parece que depois destes anos ele não entendeu que é ele que eu namoro.
- Pra mim vocês já estariam casados.
- Não fala isso, ainda é cedo. - ri fraco.
- Mas porque brigaram?
- Os meninos estarão fazendo show no Brasil daqui a dois meses... Nossa é estranho chamá-los de meninos - rimos fraco e a olhei surpresa - Pois, deduzia que você não sabia disso.
- Não, não sabia. 
- Aí liguei para o Hardin, a gente é amigo e se respeita demais, você sabe. - assenti - Ele me falou para eu lhe dizer quantas pessoas iriam para ele liberar os passes vips pra mim e pra você. . Nós já não nos falávamos há alguns meses e então aproveitamos para bater um papo prolongado, mas o Felipe não gostou e cismou que eu ainda sinto algo por ele.
- Você sente? - indaguei.
- Um carinho enorme, o que a gente viveu não é pra se esquecer, mas eu quero estar com o Felipe.
- Nossa, não esperava que ele levasse o ciúme a esse ponto.
- Pois é, mas levou. As últimas palavras dele foi "Você tem de perceber o que quer, aproveita que ele vem aqui e tira as suas dúvidas, pode ficar com ele se quiser, estaremos dando um tempo sem contato", e saiu batendo a porta.
- Porque você não me ligou ou foi lá em casa?
- Não queria te encher com isso. - neguei revirando os olhos - Mas sabe o que precisamos agora? De comer alguma coisa...
- Não estou com fome. - a interrompi.
- Claro que está, deixa disso. Mudei a água da piscina hoje, vou arrumar uns doces e salgados pra gente petiscar, uns drinks, colocar uma música e a gente vai se divertir na piscina á luz da lua. - falou animada e ri.
- Só você mesmo para querer farrear.
- Sempre Ma, agora levanta essa bunda e vá no meu quarto vestir um biquini, eu vou indo preparar as nossas gordices. 
- Tá bom, estou com saudade mesmo da minha ex-piscina. - ri fraco e saí. 


Sabia que este tempo longe me faria bem. Luan errou comigo e eu deixaria ele sofrer e entender as coisas de uma vez por todas. Ele sempre deu confiança demais para as pessoas, e depois se ferrava. Mas eu juro que aquela Tatiana não irá ficar rindo, porque não vai mesmo. Me lembrei que Luan estava com planos de passar um dia e meio na Fazenda, não lhe podia negar isso, eu iria mesmo se continuássemos brigados. 
Estava uma noite muito agradável e a verdade é que consegui me divertir com Bia na sua super-mini-pool party improvisada. Quase que acabámos com uma garrafa de vodka. Já era um pouco tarde quando nos deitámos no meu antigo quarto, só esperava que o dia raiasse bem melhor. 




Vish, o nosso casal brigou feioooooooooo. Até Clara saiu de casa. Cecília teve a sua primeira narração, gostaram? Só ela para acalmar o Luan né? Clara foi pra casa da Bia e parece que as duas estão mal de amores. O que será que vai acontecer agora? Clara está com raiva de Luan mas apenas lhe quer dar uma lição, e essa ida pra Fazenda no que dará? Será que vai rolar treta ainda? Comentem por favooooor !

4 comentários:

  1. Eu gostei sim de você ter mostrado o ponto de vista da Cecília.
    Nossa, a coisa tá feia para os casais. Bia e Felipe também estão na mesma :(
    Mas eu não fui com a cara dessa Tati. Ela que vá procurar um psicólogo pra resolver seus problemas.
    Com esses dois sempre tem treta kkkk coitados.

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  2. Acho que Cecilia e Lucas poderiam armar pra eles se entenderem.

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  3. Eeeeita que briga em D: será que essa Tati é realmente alguém mulher desesperada pelo Luan? Ou é só alguém pedido ajuda( de uma forma folgada)? To em duvida. Que linda a Ceci toda responsável, cuidando do papai e do irmãozinho ❤️ Ela sempre com o Luan.
    Acho que foi bom a Maria passar um tempinho longe de tudo, relaxar com a bexxxt kkkk que merece dar uns pegas nesse Hardin maravilhoso e decidir o quer kkkk. Essas duas juntas sempre da festa, mesmo em momentos de dor de cotovelo.
    Quero ver o que a Maria vai fazer agora D: continuaaaa

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