Capítulo 104

- Valeu pela ajuda seu Luan.- Henrique agradeceu - Valeu mesmo, terminámos mais cedo do que pensávamos. 

- De nada Henrique. Sempre que precisarem. 

- Obrigada mesmo papai. - Cecília falou e vi que já eram quase horas do jantar.

- Você fica pra jantar com a gente né Henrique?

- Ah não quero incomodar. 

- Eu estou te convidando cara, fica sim, liga para os seus pais, depois eu te deixo em casa. 

- Tudo bem. - aceitou e se afastou para falar com os pais. 

- Você gostou dele pai? - Cecília me perguntou meio tímida e dei uma riso fraco.

- Depois conversamos. - fiz um carinho em seu cabelo e fui para o sofá jogar video-game. 

Lucas ainda estava com Clara por aí. Henrique terminou a chamada e o chamei para jogar comigo. Cecília me deu um olhar surpreso enquanto arrumava as suas coisas na mochila. O garoto era bem calmo, educado e conversador. Além do mais dava pra notar que tinha uma bela amizade com a minha pequena. Tanto que ela até se juntou à gente nos arrancado gargalhadas com os comentários que fazia ao jogo. 

- Hora do jantar criançada. - Clara veio da cozinha com Lucas e começou a arrumar a mesa da sala. 

- Finalmente mamãe.-  Cecília reclamou e foi ajudar - Estava vendo que não comíamos hoje.

- Pára de reclamar menina. - brincou com ela - Coloca os pratos que eu vou terminar o jantar e falar com a Cida das folgas dos próximos dias. 

- Tá bom, o seu celular tocou quando eu fui levar a minha mochila no meu quarto. 

- Deve ser a Bia, depois eu falo com ela. 

Estava atento a cada passo dela. Eu queria arrumar um jeito dela me perdoar, da gente conversar calmamente e se resolver antes de irmos para a fazenda amanhã. Lucas já estava no meu colo enquanto jogava a última partida com Henrique. Clara nos chamou para a mesa e pelos vistos Cida já teria ido embora visto que ela é que trouxe as coisas da cozinha. 

- Quando vocês vão apresentar o vosso trabalho de biologia? - Clara perguntou puxando assunto com as crianças.

- Amanhã D. Maria Clara.

- Dona? Isso não Henrique. - repreendeu rindo. - Pode me chamar de Ma ou Clara, como preferir, tudo menos dona e senhora. 

- Combinado. - observei Clara que servia a comida nos pratos toda linda, ela sempre será a minha bailarina, aquela doce menina por quem me apaixonei, aquela menina irritante que me tira do sério e me deixa doido mas que eu amo. 

- Luan seu prato. Luan... - me chamava me fazendo despertar dos meus pensamentos.

- Aqui, desculpa. - lhe dei o prato e ela semicerrou o olhar me olhando estranha enquanto segurava um sorrisinho.



Levei Henrique em casa e Cecília foi junto, assim teríamos a nossa conversa. Ela parecia meio tensa mas eu sei que assim que conversasse de boa com ela, a mesma se soltaria e se sentia mais confiante.


- Então filha eu e a sua mãe interrompemos algo quando chegámos em casa? - fui direto e ela me olhou um pouco receosa. - Pode contar Ceci, eu percebi muito bem o clima que ficou, vocês tinham se beijado ou não chegaram a isso?
- Você de novo querendo falar de coisas assim, eu fico com vergonha papai. - tapou a cara com as mãos e ri.
- Fala logo, também foi assim que beijei pela primeira vez, fazendo um trabalho da escola com uma amiga. - tentei mostrar o meu lado e tentei estar calmo mas no fundo eu estava começando a ficar receoso do que poderia vir.
- A gente tinha se beijado papai. - continuou tapando o rosto. - Não me pergunte como foi porque estou envergonhada demais pra te falar isso. - suplicou.
- Não vou perguntar, mas vocês falaram algo antes? Sei lá, você disse que tinha um carinho especial por ele...
- Se está querendo saber se falamos de namoro ou algo do género não pai, não pira. - destapou a cara me olhando enquanto segurava um riso - Ok pai, não pira. A gente apenas quis se beijar, nada demais, somos amigos e é assim que seremos.
- Tudo bem. - respirei aliviado - Eu gostei do moleque, se você quiser namorar com ele mais tarde, talvez não me importe.
- Pára de tentar fingir que não está assustado com isso papai. - riu - Já te falei que quando esse dia chegar você será o primeiro a saber.
- Desde que você não queira repetir eu acho que posso ficar descansado.
- Você é uma figura. - me zoou e riu ligando a rádio e cantando uma música que estava tocando.


Assim que chegámos em casa o andar de baixo estava com as luzes desligadas, apenas o andar de cima estava iluminado, o que significava que Clara deveria estar arrumando Lucas pra dormir e as malas para o dias na fazenda. Subi com Cecília e lhe dei um beijo na testa assim que a deixei no quarto. Me dirigi para o de Lucas e ele não estava lá, talvez estivesse com Clara no nosso quarto e assim que lá cheguei confirmei.


- E aí carinha não vai dormir no seu quarto não? - indaguei o vendo aconchegado na cama assistindo desenho abraçado a um peluche de Spider Man que ele amava.
- Mamãe deixou eu dormir com vocês. - Clara estava no banho.
- Mas você é grande, já não precisa dormir aqui. - me deitei ao seu lado.
- Nossa papai, está me expulsando? - me olhou indignado e ri.
- Claro que não seu bobinho. - fiz cócegas - O papai estava querendo conversar com a sua mamãe, só isso.
- Conversar ou namorar? - riu e o acompanhei.
- Talvez os dois, e aí, não quer ir pro seu quarto não?
- Depois...
- Ainda não dormiu Lucas? - Clara interrompeu saindo arrumada do banheiro.
- Não mamãe, acho que vou dormir no meu quarto. - me olhou e lhe pisquei o olho.
- Ué, você queria tanto dormir com a gente, e vai querer dormir sozinho? - o olhou com uma cara doce que seria impossível de resistir.
- Tá bom mamãe, eu fico. Desculpa papai. - me sussurrou e neguei sorrindo.


Tomei um banho demorado e quando saí Clara fazia a mala dela no closet, aproveitei e fui pegar a minha para arrumar mas não a encontrei em lado nenhum.


- É... - cocei a nuca - Clara você viu a minha mala?
- A sua mala já está arrumada e na sala para amanhã colocar no carro.
- Obrigado. - agradeci meio sem jeito, ela tinha arrumado a minha mala mesmo a gente estando brigado. - Será que podemos conversar depois?
- Depois quando? Vou dormir daqui a pouco não tenho cabeça pra conversar.
- Amanhã de manhã então?
- Tenho aula na academia.
- Vamos brigados para a fazenda? - questionei começando a ficar impaciente com as desculpas dela.
- Eu estou indo do mesmo jeito né? Agradeça por isso.
- Agradeceria se quisesse ter uma conversar pra gente se resolver.
- Agora você quer ter conversa, quando deveria se abrir comigo antes de fazer borrada você não quis.
- Quer saber, faz como quiser. - virei costas e assim que cheguei no quarto Lucas já dormia. Me deitei ao seu lado e adormeci.



Clara On: 


Depois que Luan saiu me dando as costas fiquei pensando se teria sido dura demais com ele? Afinal tudo já estava esclarecido, eu que ainda estava com a ideia de lhe dar um gelo. Mas confesso, que fiquei sentida vendo a cara de cachorro sem dono que ele fez saindo daqui. Talvez estivesse pegando pesado mesmo. Mas sei também que em breve nos resolveríamos. Fiz minha mala e adormeci. A de Cecília e de Lucas também já estavam feitas e amanhã seria só colocar no carro e dar partida. Bia tinha mandado mensagem avisando que iria junto, combinámos dela ir com a gente.


- Mamãe. - Lucas me acordava aflito.
- Que foi filho?
- Papai saiu da cama, onde ele foi mamãe? - me perguntou preocupado e até eu estranhei.
- Deve estar no banheiro. - assim que falei olhei para a porta que estava entreaberta, impossível ele estar lá. - Talvez já tenha descido filho.
- Vamos nós também mamãe.
- Quanta pressa Luquinhas, deixa a mamãe descansar mais um pouco.
- Ah não mamãe, vamos lá. Por favor? - me olhava com os olhinhos piscando e revirei os olhos sabendo exatamente a quem ele tinha puxado aquela cara de pidão - Luan.


Me levantei e depois de passar uma água no rosto desci com Lucas, assim que cheguei na sala vi a mesa do café prontinha e Luan vindo da cozinha carregando um bolo.


- Bom dia. - falou sorridente e estranhei, onde estava o meu marido irritado comigo?
- Bom dia. Porquê tudo isso?
- Deu vontade de surpreender vocês, principalmente você. - sorriu de canto. - Obrigado viu filho. - afagou os cabelos de Lucas que riu se sentando.
- Então por isso ele me acordou cedo deste jeito, o que eu faço com vocês?! - fingi estar chateada e eles riram. - Vou chamar a princesa da casa.
- Não, deixa que o Lucas vai, né filho? Vai lá rapidão.


Lucas saiu correndo e me sentei sentindo o olhar de Luan sobre mim. O encarei e levantei uma sobrancelha esperando ele falar alguma coisa.


- Quando me vai perdoar? - falou meigo se sentando ao meu lado e me servindo de suco e café.
- Quando você merecer.
- Não acha que mereço?
- Nem vem com essa carinha Luan Rafael. Você sabe o que fez.
- Sei e você já fez questão de deixar tudo claro, agora a gente é que tem de se resolver.
- E a gente vai, mas não agora.
- Ainda será hoje? - ri fraco com a babozeira dele.
- Talvez. - ele sorriu e beberiquei do meu suco antes que ele me roubasse um beijo como era de se esperar de um doido feito ele.



Dei aula na academia e assim que Luan me pegou fomos buscar as crianças na escola e aproveitámos para levar Bia logo. Ela almoçaria com a gente. Estávamos prontos para seguir estrada, colocámos uma música gostosa e Bia e Luan iam conversando sobre a doideira dela em ir atrás do Hardin para mostrar ao Felipe que deu a volta por cima. Passámos na casa dos sogros e eles juntamente com meu irmão, Bruna e Gaby também estavam prontos nos seguindo.


- E aí filha, a professora gostou do trabalho?
- Adorou, tivemos nota máxima.
- Quando precisar de ajuda já sabe?
- Luan voltou á escola foi? - Bia zoou.
- Quando você tiver filho também vai voltar minha queria amiga. - fez graça e rimos.


Já íamos um pouco adiantados quando senti um enjoo enorme. Abri a janela e Luan me olhou com as sobrancelhas juntas estranhando a minha atitude pois o ar condicionado estava ligado.


- Está tudo bem?
- Pára o caro por favor Luan. - pedi respirando fundo.
- Não posso parar aqui Maria Clara, o que você tem?
- Pára a porcaria do carro agora Luan. - falei mais firme e ele bufou encostando. Assim que abri a porta vomitei todo o almoço.
- Ai meu Deus. - ouvi Luan aflito batendo a porta do lado dele e vindo ao meu encontro. - Bia traz uma água que está aí na bolsa que você leva nos seus pés.
- Aqui Luan. - lhe deu e bebi um pouco sentindo o enjoo passar mas minha cabeça estava um pouco pesada.
- Amiga você está melhor? Quer remédio?
- Estou me sentindo mais ou menos.


No entanto já Amarildo tinha parado também e Marizete estava do meu lado. Insistiu para que eu tomasse remédio e depois de um olhar ameaçador de Luan tomei.


- Come alguma coisa nora, uma fruta te faria bem.
- Não sei se consigo Mari.
- Tem de conseguir amiga, pega. - Bia me deu uma maçã vermelha e lhe dei algumas trincas.
- O que será que foi? - Luan perguntou - A gente comeu o mesmo e está bem.
- Não sei, mas que me fez mal isso fez. Já estou melhor gente, acho que podemos seguir, como o resto da fruta no carro.
- Se ficar enjoada de novo parem novamente, ouviu Luan? - Mari mandou.
- Claro mãe.


Continuamos nosso caminho e Luan me perguntava de minuto a minuto se estava bem fazendo meus filhos e Bia rir da super preocupação dele.


- Dá pra parar com essa preocupação exagerada Luan?
- Nossa, desculpa se estou preocupado com você. - falou magoado.
- Não é isso, apenas não preciso que pergunte tantas vezes, se estiver me sentindo mal eu aviso.
- Tudo bem.
- Mamãe precisa de beijo pra sarar. - Lucas falou e notei Bia rindo, sabia que tinha sido ela a influenciar o Lucas.
- Mamãe já sarou.
- Mas papai nem deu beijo.
- Não precisa. - cortei o assunto e fiz uma nota mental de que teria de matar Beatriz Lima mais tarde.


Chegámos na fazenda pelas 16h e estava um dia delicioso para se aproveitar. Depois de descarregar as malas e as deixar nos quartos nos reunimos na sala pra tomar um maravilhoso café da tarde feito pela D. Salete.


- Hugo a mamãe vem mais logo afinal?
- Aham, ela tinha um caso pra terminar hoje e mais logo ela vem pra cá.
- Ótimo, ela precisa se divertir.
- Ela parece que tem se divertido bastante ultimamente. - Bruna falou rindo.
- Como assim cunha?
- A mamãe anda saindo com um novo advogado lá do escritório.
- A D. Giovanna Albuquerque? - indaguei rindo. - Preciso ter uma conversinha com ela.
- Eu que preciso, não quero minha mãe namorando com essa idade.
- Ah cala a boca Hugo, ela precisa ser feliz e gostar de alguém.
- Mesmo assim, vou conversar sério com ela.
- Ciumento. - revirei os olhos e Luan me olhou arregalado - Que foi?
- Parece que esqueceu que você também é. - zombou e lhe fiz uma carranca.
- Sempre o mesmo metido.
- Nossa, recuámos 10 anos atrás. - Bia resmungou e caímos todos na gargalhada.
- Bem gente eu vou tirar um cochilo.
- Íamos passear um pouco pela fazenda Clara, vai com a gente. - Amarildo pediu.
- Estou mesmo cansada sogro, acho que o enjoo me fez ficar meio chatinha, vou descansar agora para a aproveitar o jantar mais logo.
- Faz isso Larica, porque eu trouxe uns jogos aí pra gente se divertir.


Me retirei e não posso negar que não estava no mínimo preocupada, não era de enjoar assim, só espero que este cochilo me deixe mais disposta. Tomei um banho quente e vesti uma roupa confortável. Estava pregando no sono quando senti o colchão ao meu lado ceder e logo o perfume de Luan invadir minhas narinas enquanto as suas mãos acariciavam meu rosto levemente me fazendo adormecer.

Eita, parece que Cecília repetiu a cena do pai e beijou pela primeira vez. Sorte que o Luan gostou do menino mas mesmo assim não quer que a filha tenha nada agora kkkkk Ciumentinho. E essa briga com a Clara? Será que se vão resolver?  Bem, ele está fazendo por isso, veremos se vão se acertar. E o enjoo da Clara? Será que ela está doente? Luan é que pirou de preocupação. Comentem e faças as vossas apostas. Beijinhos <3