Capítulo 107

Chegámos em casa e a galera já estava lá toda reunida esperando a gente. Cecília e Lucas já estavam arrumados e falavam com todo o mundo enquanto Cida servia alguns petiscos e bebidas. Assim que nos viram nos olharam curiosos. 

- Papai, mamãe. - Lucas correu para nos receber.

- E aí amiga já sabe o que é? 

- Já Bia, vamos almoçar que a gente conta depois.

- Conta só pra mim?! - pediu fazendo beicinho.

- Nem vem Beatriz, depois. - lhe dei língua e cumprimentei todo o mundo.

- Eu acho que sei o que é. - Logan me sussurrou assim que o abracei.

- Sério? Será que você adivinhou?

- Não sei, mas pressinto que é mais uma Clarinha que está vindo a caminho. - riu fraco e o olhei dando de ombros.

- Pode ser que sim ou que não. - pisquei o olho e ele riu beijando o meu rosto. - Mas você acabou de me dar uma certeza.

- Que certeza? - me encarou confuso.

- Depois Logan, depois. - ri e continuei cumprimentando a galera.

Meu irmão, Bruna, meus sogros e minha mãe também estavam ali. Gaby já estava no colo de Luan, eram um grude que só os dois. 

- Oh coisa linda da madrinha. - fiz-lhe cócegas e ela riu abraçando Luan.

- Madrinha depois posso ficar aqui pra brincar com o Lucas e a Ceci?

- Claro que sim meu amor. - ela me abraçou e continuou com o Luan. 

- Menina Clara já posso servir?

- Pode Cida, obrigada por tudo viu.

- Ora essa, é o meu trabalho. 

Chamei todos para a mesa enorme que tínhamos na área externa. Era sempre tão bom estes encontros com os meninos, eles adoravam vir no Brasil e a gente adorava recebê-los. Depois do jantar a da sobremesa Luan me olhou sorrindo doce.

- Está na hora né?

- É Lu, está na hora, falo eu ou você?

- Os dois. - Luan sorriu e bateu com a faca no copo chamando a atenção de todos.- Bem galera, como vocês sabem a Clarinha está grávida. E hoje fomos saber o sexo do bebé.

- Parem de enrolação, queremos saber o que é. - gritou Hugo. 

- Calma Hugo. - resmunguei brincando - Na verdade tivemos uma surpresa. - acariciei minha barriga e Luan me observava meigo. - A gente está esperando um menino. 

- Ué, surpresa onde? Cê já teve o Lucas. - Felipe falou e Luan me olhou segurando o riso.

- A surpresa é que além de outro garotão vem uma menina também. São gémeos galera. - falou feliz e todos nos encararam admirados sem saber o que dizer.

- É, eu sei que é um pouco estranho, mas na primeira ecografia que fiz só mostrava um, acontece que hoje decidiu aparecer outro. - ri emocionada - E nem reparei no tamanho da minha barriga, ser magra por vezes disfarça mais. - ri.

- Nossa senhora, mais dois netos, sem contar que a Bruna daqui a nada sabe o que lhe espera também. Eu não tenho idade pra ser avó de seis netos gente. - Minha mãe falou fazendo todos rirem.

- O bom é que você não está sozinha Giovanna. - Mari fez graça. 

- Parece que adivinhei. - Logan e Cecília falaram ao mesmo tempo.

- É, vocês adivinharam. 

- E qual era a certeza que eu te dei? - Logan me cobrou. 

- Hum, curioso. Você será padrinho da menininha. - revelei e ele mudou o sorriso para uma expressão séria e voltou a sorrir de novo mas desta vez era um enorme sorriso. 

- Meu Deus, serei com o maior prazer. Que honra, obrigado.

- De nada cara. - Luan falou rindo. 

(...)

Estava na cama esperando Luan voltar da cozinha com o nosso chá quando Lucas entrou no quarto correndo e subindo para a cama.

- Que foi filho? Não deveria estar dormindo? 

- Deveria mas eu fiquei pensando e não consegui.

- Porquê?

- Eu vou ter um irmãozinho né?

- E uma irmã também. - acariciei o seu rosto, era a cara do pai.

- Como vai ser o nome dele?

- Ainda não decidimos isso filho.

- Hum.

- Porquê hein? Você tem alguma sugestão?

- Ainda não, mas eu vou pensar e depois falo tá bom?

- Tá bom meu amor. Agora dá um beijo na mãe e volta pra sua caminha.

- Dorme bem mamãe. - me abraçou e quando estava saindo Luan apareceu.

- Eita campeão ainda acordado?

- Já estou indo papai. - correu e Luan deu de ombros fechando a porta e me dando uma chávena de chá.

- Ele veio perguntar se a gente tinha nome para o menino. - ri me lembrando.

- Ele está super empolgado com isso, tomara que continue assim, que seja que nem a Cecília quando ele nasceu, sem ciúme.

- Vai ser, a gente tem amor pra dar e pra vender.

- Por falar em fazer amor, que tal a gente aproveitar. - beijou meu ombro e passou para o pescoço.

- Amanhã Luan, eu quero dormir agora. O dia foi bastante cansativo.

- Tudo bem, então amanhã prometo te acordar com muito amor.

- Aham, e eu irei amar. - selei nossos lábios. 

1 MÊS DEPOIS

Cecília On:

- Você vem me buscar papai? -perguntei assim que ele me deixou na escola. 

- Claro que sim princesa. - me deu um beijo no rosto e esperou eu entrar na escola para ir embora.

Eu adorava quando papai me trazia na escola, me sentia como as outras meninas. Não estou reclamando, eu amo o trabalho do meu pai e entendo perfeitamente, por isso aproveito quando ele está em casa para ele me trazer. Entrei no edifício e avistei Henrique esperando na porta da sala enquanto conversava com uns amigos nossos. 

- Hey. - reclamei assim que alguém se chocou contra mim e deixei cair minha mochila.

- Nossa garota não vê por onde anda não? - ouvi uma voz debochada e assim que peguei minha mochila me levantei a encarando, era Ashley, que de uns tempos para cá vinha implicando constantemente comigo. Ela era mais velha mas não me assustava. 

- Só podia ser você.  

- Que foi hein? Vai fazer queixinhas ao seu papai. Ah me desculpa, ele mal pára em casa né? - riu.

- Você não tem o direito de falar do meu pai desse jeito, e eu não preciso de fazer queixinhas, sei muito bem resolver os meus problemas.

- Claro que sabe, você é a queridinha né, todo o mundo tem pena da garota adoptada pelo famoso e rico Luan Santana. - debochou e a encarei sentindo minha mão formigar, mas não poderia fazer nada. 

- Eu não vou ficar aqui escutando besteira, passe bem sua invejosa. - me virei para sair a passos largos quando senti uma mão em meu braço me prendendo forte.

- Você não pense que vai ficar em paz, isso terá volta. - sorriu cínica e saiu com as amiguinhas. 

Respirei fundo e olhei em volta, ninguém tinha percebido o que acabou de acontecer. Na verdade, nem eu percebia o que andava acontecendo. Qual a dela pra me tratar daquela forma? Fechei os olhos e esperei me acalmar, ela não iria me afetar, não ia. Senti alguém na minha frente e juro que estava preparada para marcar a cara daquela idiota, mas era Henrique me olhando confuso.

- Está tudo bem Ceci?

- Me abraça apenas. - pedi e ele assentiu me abraçando. Henrique era meu melhor amigo e sim eu gostava dele, mas como papai falava, não era idade para isso, e não quero perder a amizade dele por algo que pode nem ser nada. 

- O que aconteceu?

- A Ashley me disse coisas horríveis.

- De novo ela? - assenti - Fica calma, ela não vai fazer nada.

- Ela disse que não me ia deixar em paz Rique.

- Ela vai e sabe porquê? - me olhou com  um sorriso de canto - Eu vou ficar com você sempre, ela não vai chegar perto, se precisar te espero toda a manhã no portão da escola.

- Não será preciso, mas obrigada viu. - o abracei de novo e o toque soou pelo corredor. 

A aula foi uma seca, não consegui prestar atenção. Henrique me cutucava sempre que me via distraída. Finalmente o intervalo chegou. 

- Vamos no bar, quero comer alguma coisa.

- Pode ir Henrique, eu vou no banheiro antes.

- Eu te espero então.

- Não precisa ficar comigo sempre Henrique, não quero isso, eu não tenho medo dela. Vai lá, eu já já chego, tá bom? - ele a contra gosto assentiu saindo. 

Como previ nada aconteceu e quando faltavam alguns minutos para a segunda aula, a Ana avisou que seria no auditório com todas as turmas, pois haveria uma palestra qualquer. 

- Henrique eu acho que não vou. - sussurrei só para que ele ouvisse.

- Porquê?

- Eu não quero, não estou com cabeça, e é palestra, ninguém dará pela minha falta.

- Então eu fico contigo. - olhei feio para ele - Não adianta reclamar, eu também não estou com ânimo, vamos para os fundos da escola, ninguém aparece lá e a gente pode ficar sossegado esperando a próxima aula.

- Ok, vamos lá então. 

Seguimos até lá e por sorte ninguém nos viu. Me sentei num dos bancos de jardim que tinha ali e Henrique ficou do meu lado. Ficámos conversando até escutarmos barulhos. 

- Olha olha quem está aqui. - Era um garoto da turma da Ashley. Me afastei me juntando mais a Henrique. - Faltando á aula?

- Palestra. - falei e ele me olhou assentindo.

- Eu te conheço. - me olhou estranho. - Como é o seu nome?

- Cecília.

- Filha do cantor né? - assenti e olhei Henrique que apertou minha mão. - Vocês querem? - tirou um maço de cigarros do bolso e negámos prontamente. - Hoje a Ash chegou na sala soltando fogo pelas bentas. - riu - Ela falava de você. - acendeu o cigarro e se sentou no banco da frente. - Vocês namoram?

- Ah, não, não. - me soltei de Henrique. - Somos apenas melhores amigos.

- Com benefícios? - riu e neguei. - Estava brincando, porque a Ash não gosta de você?

- Não sei, também gostaria de saber.

- Ela é bem esquentadinha, tem de estar sempre implicando com alguém.

- É, e a vítima da vez sou eu. 

- Se ela te fizer algo fala comigo, eu sei lidar com ela. - piscou o olho e sorriu, ele era bonito, loiro do olho verde. - Me chamo Kauan a propósito.

- Eu realmente não quero problemas e espero que ela não faça mais nada.

- Eu não pensaria assim, ela é bem casmurra. Mas você já sabe qualquer coisa me avisa. Agora vou indo, fugi no meio da palestra, onde vocês deveriam estar também.

- Não deu vontade. - Henrique falou e Kauan riu.

- É, eu também queria faltar mas já tenho muitas faltas não posso né. Bem, fiquem bem. Cecília adorei te conhecer. - sorriu e se aproximou depositando um beijo em meu rosto.

- Também gostei de te conhecer Kauan. 

Ele saiu e peguei no celular procurando alguma distração. Mas nada me fazia esquecer de mais cedo. Olhei Henrique e ele me encarava. 

- Eu posso fazer uma coisa? - perguntou e assenti estranhando.

- Claro Rique, nem precisa pedir.

- Acho que para fazer o que estou pensando é melhor perguntar. - fiquei mais confusa ainda mas logo percebi quando vi o seu rosto próximo ao meu. - Eu ... - assenti antes mesmo dele continuar. 

Depois daquele dia em minha casa, esta foi a primeira vez que nos beijámos. Henrique era um garoto especial, e estava sempre lá para mim. Ás vezes me perguntava como eu poderia ter um melhor amigo rapaz, mas logo percebia que Henrique era diferente, era responsável, ajuizado, querido e me protegia, sempre foi assim desde quando nos conhecemos na escolinha. 

- É... me desculpa Ceci.

- Porquê? Eu quis né. - dei de ombros - Mas não sei se seria uma boa a gente ter algo sabe?

- Entendo, não quis forçar a nada, apenas me deu vontade.

- Tudo bem. - o abracei de lado repousando a minha cabeça em seu ombro.

- Seu aniversário está chegando.

- Verdade, nem sei que vou fazer.

- Porque não faz uma pool party?

- A minha casa é bem grande para isso, boa ideia Rique. Obrigada.

- De nada, melhor a gente voltar, daqui a nada toca para a terceira aula.

- Vamos lá. 

(...)

Estava esperando meu pai no portão da escola e Kauan apareceu do meu lado. Esperava que Ahsley não aparecesse, esperava mesmo. 

- Seu pai está chegando.

- Como você sabe? - indaguei surpresa.

- Só ele tem uma Ferrari e eu conheço o barulho do motor desse carro á distância.

- Pensava que ele vinha me pegar no outro carro. - constei vendo papai parar na frente da escola e abrir o vidro, sorri assim que ele me viu. - Eu vou indo Kauan.

- Vai lá princesa. - piscou o olho e fiquei sem saber o que dizer, ele estava sendo simpático comigo e não estava habituada a nada disso. - Ri sem graça e quando estava chegando no carro vi meu pai encostado na porta de braços cruzados me olhando.

- Oi papai. - o abracei.

- Está tudo bem filha? - assenti - Quem era aquele cara que estava falando com você? - olhou para Kauan.

- Um amigo papai, nada demais.

- Hum, ele parece mais velho.

- E é, conheci-o hoje quando estava com o Henrique.

- Você estava com o Henrique?

- Como sempre papai. - ri e ele deu de ombros me abrindo a porta.

- Hey senhor Luan. - só podia ser azar mesmo, Ashley chamando meu pai. 

- Oi...

- Ashley. Sou amiga da sua filha. - sorriu cínica para mim que estava boquiaberta com a barbaridade que ela estava falando.

- Tudo bom? Vocês precisam de falar? - papai indicou para mim e para ela.

- Não senhor Luan, só queria dizer que gosto muito das suas músicas e queria avisar à Cecília que amanhã é preciso trazer um texto sobre os fogos florestais, ela faltou na palestra, achei que ela precisasse de saber. E avisa o seu amiguinho também. - meu pai me olhou com os olhos semicerrados, sabia que iria brigar comigo por ter faltado. Ashley estava querendo ferrar com a minha vida e estava conseguindo.

- Obrigado, ela vai fazer sim. Fica bem. Entre Cecília. - me falou sério e bufei obedecendo. 

Ele deu a volta no carro e entrou sem pronunciar nenhuma palavra, só após cinco minutos de caminho ele me encarou parado no sinal.

- Você tem mais 10 minutos até a gente chegar em casa pra me explicar porque faltou na palestra com o Henrique. - avisou sério e visivelmente irritado. Eu nem lhe tinha dito que era o Henrique o "amiguinho" que Ashley falou, mas ele sabia que eu só andava com ele. 

- Pai...

- Pai nada Cecília, você estuda no melhor colégio de Sampa senão do país e você falta palestra? Se fosse aula faltaria também né? - o olhei engolindo em seco - Sabia. O que aconteceu para você fazer isso? Se você tiver uma justificação eu prometo que não te repreendo nem conto pra sua mãe. Mas tem de ser um bom motivo. 

E agora, como eu iria contar que estava irritada com aquela que se fez amiguinha? Como eu iria me defender? Senti minha garganta fechar e meus olhos arderem. Hoje sem dúvida estava sendo o pior dia da minha vida. 

Ebaaaaaa! O casal terá gémeos e Lucas até já anda pensando em nomes, apressado que nem o papai kkkkkkk E esses acontecimentos com a Ceci? Porque acham que a Ashley está fazendo isso? Como ela vai se resolver com o Luan? E o Kauan será que vai ter algum destaque daqui pra frente? Será que o Henrique e ela vão ficar mais vezes? Comentem por favor. Beijos enormes <3